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Sala de Imprensa

11/10/2017

Número de crianças e adolescentes obesos aumenta dez vezes em 40 anos

O número de crianças e jovens obesos em todo o mundo é dez vezes maior hoje do que na década de 70, segundo estudo liderado pelo Imperial College de Londres e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com a colaboração de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas.

De acordo com os dados, o grupo de pessoas de cinco a 19 anos que estão obesas saltou de 11 milhões, em 1975, para 124 milhões, em 2016. Outros 213 milhões estão com excesso de peso, embora não sejam considerados obesos.

Os resultados foram publicados na revista científica The Lancet na véspera do Dia Mundial da Obesidade, assinalado em 11 de outubro. A pesquisa analisou medidas de peso e altura de aproximadamente 130 milhões de pessoas - 31,5 milhões na faixa etária entre 5 e 19 anos, e 97,4 milhões, na faixa etária a partir dos 20 anos -, no maior estudo epidemiológico sobre o tema.

De 1975 a 2016, as taxas de obesidade em crianças e adolescentes do mundo passaram de menos de 1%, em 1975, a cerca de 6%, entre meninas, e de 8%, entre meninos, em 2016. Se as tendências atuais continuarem, o mundo terá em 2022 mais crianças e adolescentes obesos do que abaixo do peso ou subnutridos.

"As taxas de obesidade em crianças e adolescentes continuam a aumentar em países de baixa e média renda, o que é preocupante. Mais recentemente, esse índice estabilizou em países de renda mais alta, embora permaneça inaceitavelmente alto", afirmou o autor principal do estudo, Majid Ezzati, da Escola de Saúde Pública do Imperial College.

No Brasil, a obesidade atinge 9,4% das meninas e 12,7% dos meninos. "A população brasileira vive um complexo processo de transição nutricional, marcado tanto pela dimensão geográfica como pela desigualdade socioeconômica de nosso país. A obesidade avança rapidamente enquanto a subnutrição infantil ainda persiste entre os mais pobres. As crianças estão superexpostas à comida industrializada, uma opção muito barata mas de baixo teor nutritivo. Em pouco tempo, crianças e adolescentes brasileiros passaram a ganhar peso sem que isso representasse necessariamente saúde. É o reflexo do desafio da desnutrição em todas as suas facetas, do baixo peso à obesidade", comenta um dos colaboradores do estudo, Bernardo Horta, do PPGE.

Os autores do artigo apontam que as tendências nos níveis de obesidade estão relacionadas com o impacto do marketing e de políticas globais no mercado mundial de produtos industrializados. A constatação é de que alimentos saudáveis e nutritivos são oferecidos a preços muito altos para as populações de menor renda.  As estimativas projetam uma geração de crianças e adolescentes que crescem obesos e desnutridos.

"Precisamos garantir que alimentos saudáveis e nutritivos sejam disponíveis em casa e na escola, especialmente para famílias e comunidades mais pobres, além de aplicar regulamentação e impostos que protejam as crianças de alimentos pouco saudáveis​​", conclui Ezzati.

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 Artigo (The Lancet)

Worldwide trends in body-mass index, underweight, overweight, and obesity from 1975 to 2016: a pooled analysis of 2416 population-based measurement studies in 128·9 million children, adolescents, and adults

DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(17)32129-3

Autores filiados ao PPGE: Aluísio J D Barros, Ana M B Menezes, Bernardo L Horta, Cesar G Victora, Helen Gonçalves,Iná Santos, Isabel Oliveira, Maria Cecília Assunção, Paula Duarte de Oliveira.

 

 

 

 




Fonte: Assessoria de Imprensa





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Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas