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Sala de Imprensa

31/05/2017

Doutoranda do PPGE defende tese sobre acidentes na infância

Estudo analisa incidência de acidentes na infância

Um estudo da Universidade Federal de Pelotas analisou a incidência de quedas, cortes e queimaduras entre crianças da Coorte de Nascimentos de 2004 em Pelotas e os fatores relacionados à ocorrência desses acidentes ao longo dos primeiros quatro anos de vida dos participantes.

A pesquisa é fruto de tese de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, pela acadêmica Raquel Barcelos, sob orientação da docente Iná da Silva dos Santos.

“Frequentemente, os acidentes na infância são interpretados como obra do acaso ou como um evento normal para a idade. No entanto, nosso estudo apresenta evidências do papel de fatores como idade e escolaridade maternas e nível socioeconômico da família sobre a ocorrência desses acidentes”, afirma a autora da tese.

O estudo incluiu dados de mais de 3,5 mil mães e crianças da Coorte de Nascimentos de 2004 em Pelotas. Para registrar a ocorrência e o número de acidentes, foram utilizadas respostas dos questionários aplicados às mães sobre quedas, cortes e queimaduras que levaram a um machucado na criança entre 0-12, 12-24 e 24-48 meses de idade. Informações sobre idade e escolaridade maternas e nível socioeconômico da família foram obtidas em entrevistas com as mães nas primeiras 48 horas após o parto.

Os resultados apontam que as quedas são os acidentes mais comuns em todos os períodos de idade analisados, seguidas dos cortes e queimaduras. Os meninos estão mais expostos a quedas e cortes do que as meninas nos dois primeiros anos de vida. Do primeiro para o segundo ano, a incidência de quedas e queimaduras praticamente triplicou, e a de cortes dobrou, em ambos os sexos. As queimaduras ocorreram com igual frequência entre meninas e meninos nos três períodos de idade analisados. 

Os resultados revelam que fatores como idade e escolaridade maternas e nível socioeconômico da família tiveram influência sobre a ocorrência de acidentes com as crianças. Filhos de mães adolescentes estiveram mais expostos à ocorrência de quedas e cortes até os quatro anos de idade. A baixa escolaridade materna esteve associada com maior número de ocorrências de queimaduras e cortes aos quatro anos de idade. Já crianças de famílias de baixo nível socioeconômico estiveram mais expostas a quedas e cortes também aos quatro anos de idade.

 

Análises apontam relação entre depressão materna e risco de acidentes com a criança

A análise das informações de saúde mental materna mostra que filhos de mães deprimidas estão em maior risco de sofrer quedas, cortes e queimaduras na infância.

O estudo comparou o registro de sintomas de depressão materna logo após o nascimento e aos 12 e 24 meses da criança com a ocorrência de acidentes aos quatro anos. Entre os meninos, a incidência de acidentes foi maior quando a mãe apresentou sintomas depressivos nos três momentos avaliados. Já entre as meninas, a incidência foi maior quando a mãe apresentou sintomas em pelo menos um dos períodos avaliados.

A conclusão do estudo aponta que a depressão materna está associada à maior incidência de acidentes entre os dois e quatro anos de idade, em ambos os sexos, sendo o risco maior entre as meninas. As descobertas indicam que uma redução na incidência de sintomas depressivos maternos não só teria um efeito benéfico sobre as mães, mas também poderia contribuir para prevenção de acidentes com as crianças.

 

“Nosso estudo apresenta a incidência de acidentes na infância de acordo com o estágio de desenvolvimento da criança, com indicações importantes para a formulação de programas de prevenção dirigidos para cada faixa etária”, comenta a autora. “Além disso, vimos que mães deprimidas, mães adolescentes, de famílias mais pobres e com menor escolaridade devem estar no alvo das ações de saúde para que medidas preventivas possam ser implantadas nos ambientes de risco”, complementa.

 




Fonte: PPGE





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