Um estudo inédito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) avalia o uso de medicamentos durante a gestação, a internação para o parto e a amamentação entre 4,2 mil mulheres, acompanhadas desde o pré-natal dentro da pesquisa de coorte de nascimentos de 2015 em Pelotas (RS).
O estudo quer mostrar o perfil de consumo de medicamentos em cada uma das fases e sua relação com resultados de saúde materno-infantil até o terceiro mês pós-parto.
“Em geral, as gestantes são excluídas de estudos de pré-comercialização de medicamentos. Estudos de coorte, como o nosso, são uma alternativa importante para a avaliação dos efeitos do uso de determinados medicamentos durante a gestação e o aleitamento materno”, avalia a coordenadora do estudo e docente da UFPel, Andréa H. Dâmaso.
De acordo com resultados preliminares, a internação para o parto envolve o uso de dez medicamentos, em média, por gestante. A análise dos dados permitirá a avaliação do uso de medicamentos como ocitocina e misoprostol, utilizados para a indução de trabalho de parto, e de fármacos empregados para a analgesia de parto. “São medicamentos que têm sido objeto de investigação quanto a sua eficácia, em ensaios clínicos e revisões sistemáticas”, explica Dâmaso.
Um dos pontos de destaque da pesquisa inclui a análise do efeito da suplementação de sais de ferro, amplamente utilizada para combater e prevenir a anemia materna, sobre a saúde materno-infantil. “Sabemos que o uso preventivo de sais de ferro reduz o risco de baixo peso ao nascer e previne anemia materna. No entanto, o uso em gestantes não anêmicas tem sido associado com resultados adversos, como diabetes gestacional, o que faz com que a atual recomendação para suplementação universal deva ser reavaliada. Nosso estudo permitirá essa reavaliação”, acrescenta a coordenadora.
O estudo prevê a publicação de uma série de artigos desenvolvidos em nível de doutorado, abrangendo a descrição do perfil de uso de medicamentos por gestantes e mães durante o primeiro trimestre pós-parto. Serão analisados o impacto do uso de medicamentos sobre a suspensão da amamentação, o impacto da amamentação sobre o não-uso de medicamentos pelas mães, e a suplementação de sais de ferro sobre a saúde materno-infantil, com investigação do seu efeito no diabetes gestacional e em outros resultados adversos na gestação.
Fonte: Assessoria de Imprensa
