A criação da Coorte de 1993 surgiu com a intenção de propiciar a análise comparativa dos dados do primeiro estudo longitudinal de nascimentos em Pelotas, Coorte de 1982, em um intervalo de uma década. Pensando nas grandes transformações políticas e sociais que havia ocorrido no Brasil entre as décadas de 80 e 90, os pesquisadores buscaram avaliar a evolução dos indicadores de saúde e das diferenças sociais.
Primeiramente, esta segunda coorte estava planejada para iniciar exatamente dez anos após a primeira, mas um atraso na obtenção do financiamento fez com que o estudo só pudesse ser iniciado em 1993, o que não gerou nenhum prejuízo na validade dos dados. O delineamento da Coorte de 1993 foi bem mais complexo do que o anterior. O estudo da Coorte de 1982 apontou que as alterações mais importantes da saúde infantil ocorrem no primeiro ano de vida, orientando a Coorte de 1993 a se concentrar nessa faixa etária. Assim, além do estudo perinatal, esta coorte desenvolveu mais três acompanhamentos e um subestudo no primeiro ano.
O estudo perinatal foi similar ao de 1982. As cinco maternidades da cidade foram visitadas entre 1° de janeiro e 31 de dezembro de 1993. Foram identificadas 5.265 crianças elegíveis para o estudo (nascidos vivos), porém, devido a 16 recusas (0,3%), foram incluídos 5.249 participantes. As mães foram entrevistadas através de questionário padronizado com perguntas que abrangiam temas socioeconômicos, demográficos, reprodutivos, comportamentais, assistenciais e de saúde. Os recém-nascidos foram examinados quanto ao peso, à medida de comprimento e de perímetro cefálico.
Para os acompanhamentos de um e de três meses de vida, foi selecionada uma amostra ao acaso de 13% das crianças. Os entrevistadores visitaram essas famílias em seus domicílios, onde aplicaram questionários e realizaram exames antropométricos. Nos acompanhamentos de seis e 12 meses foram visitados todos os nascidos com peso inferior a 2.500g, além de 20% dos demais, novamente selecionados ao acaso.
Entre os anos de 93 e 94 foi realizado também um subprojeto de mortalidade, que incluiu óbitos fetais tardios, neonatais e pós-neonatais. Todos os hospitais, cartórios, cemitérios e a Delegacia Regional de Saúde foram visitados regularmente para detectar óbitos de crianças da coorte.
Diversos acompanhamentos e subestudos foram realizados até os dias de hoje. Em geral, os acompanhamentos abordam questões sobre características socioeconômicas, ambientais, demográficas e relativas à dieta, à morbidade hospitalar e à utilização dos serviços de saúde. Esse modelo acompanha os estudos feitos pela Coorte de 1982 e permite a comparação dos dados de ambas as coortes. No entanto, a Coorte de 1993 ampliou seu estudo, investigando dados como doenças pulmonares, estudos etnográficos, saúde oral e mental, composição corporal, hábitos como fumo, álcool, prática de atividades físicas e de lazer.
O detalhamento do estudo de Coorte de 1993 está registrado em diversos artigos científicos produzidos pelos pesquisadores do Centro de Pesquisas Epidemiológicas e por alunos do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel. Confira alguns desses artigos que estão disponíveis em revistas de acesso livre.
Os instrumentos e questionário utilizados nos principais acompanhamentos e subestudos estão à disposição da comunidade científica.
