A inatividade física é um dos quatro principais fatores de risco para doenças não transmissíveis (DCNT). No entanto, apesar de sua importância, não havia nenhum observatório dedicado exclusivamente ao monitoramento de atividade física no mundo. A coleta de dados em nível nacional, juntamente com pesquisa e monitoramento de alta qualidade aplicáveis em contextos locais, são essenciais para informar políticas e planejar intervenções no nível populacional. Em 2012, o Observatório Global de Atividade Física (1) foi lançado em resposta a esta demanda urgente de ação, tornando-se uma resposta mundial para um problema mundial. A lógica por trás da criação do Observatório Global para Atividade Física era fornecer informações que permitissem aos países iniciar ou melhorar sistemas de vigilância, formulação de políticas e desenvolvimento de programas na área de atividade física. Dado que o desenvolvimento histórico das evidências científicas na área de atividade física e pesquisa em saúde pública era desconhecido, uma revisão estruturada da literatura usando métodos formais de análise de redes de citação para identificar as peças mais influentes ao longo do tempo desde 1950 foi feita (artigo de revisão). Este foi o primeiro estudo a quantificar o desenvolvimento da pesquisa na área de atividade física e saúde, identificar ideias fundamentais citadas ao longo do tempo e determinar as lacunas de comunicação para pesquisa e prática. Simultaneamente, à medida que os países precisavam determinar e monitorar seu nível de atividade física para promover a melhoria dos mesmos em sua população, o GoPA! criou o “Country Cards” (cartões dos países), que consiste em um documento resumido com os indicadores nacionais de atividade física, incluindo pesquisa, vigilância, políticas públicas e desfechos de saúde. O primeiro conjunto desses cartões de países mostrava perfis nacionais de maneira acessível e abrangente. Uma metodologia padronizada para coleta de dados facilitou a comparação dos indicadores entre países e regiões e forneceu uma visão geral sem precedentes da atividade física e da saúde pública em todo o mundo. Os cartões dos países como ferramentas de defesa de direitos ajudam os países a avançar para uma sociedade mais ativa. A partir da metodologia padronizada de coleta de dados, os países são classificados por seu nível de atividade física que pode ser utilizado para monitorar os progressos na prevalência, vigilância, política, pesquisa e desfechos de saúde da atividade física ao longo do tempo (artigo original 1). Com o primeiro set de cartões, o GoPA! coletou, confirmou e publicou dados de 139 (64%) dos 217 países do mundo, representando uma cobertura global de 85,4% com base na população mundial em 2013. Foi lançado um almanaque com estes Country Cards (disponível em: http: / /www.globalphysicalactivityobservatory.com/). As principais descobertas do primeiro conjunto de cartões incluíram: 1) A inatividade física foi altamente prevalente em todas as regiões do mundo, em países ricos e pobres; 2) Em todo o mundo, cerca de 30% dos adultos eram fisicamente inativos; 3) Embora a maioria dos países tivesse pelo menos um levantamento sobre atividade física, menos de um quarto possuía monitoramento contínuo de saúde pública na área de atividade física; 4) 37 países tinham planos nacionais específicos para atividade física e outros 65 incluíram atenção substancial à atividade física em seus planos nacionais de prevenção de doenças não transmissíveis ou de promoção da saúde; 5) Em 2013, foram publicados trabalhos de 105 países sobre atividade física. No entanto, 51% dessas publicações eram provenientes de países de alta renda e o Brasil e a China foram os únicos países de renda baixa e média entre os 20 principais em publicações de pesquisa sobre atividade física e saúde (artigo original 1). Desde o lançamento, em 2015, os Cartões dos Países foram feitos para serem utilizados como ferramentas de advocacy, para estimular a discussão sobre a vigilância e pesquisa em atividade física e para orientar políticas. A pesquisa translacional demonstrou a importância das evidências de pesquisa para orientar as escolhas políticas ideais para a saúde da população. Esta evidência: 1) orientou o desenvolvimento de um modelo conceitual do GoPA! para a capacidade nacional de promoção da atividade física, incluindo vigilância periódica, implementação de políticas de atividade física e produtividade da pesquisa como os três pilares (Artigo original 2); e 2) destacou a necessidade de avaliar se os cartões estavam sendo usados conforme o esperado, identificar os fatores associados ao seu uso e desenvolver recomendações para apoiar a promoção da atividade física em nível nacional. Para atingir este objetivo, foi realizada uma avaliação do processo (Artigo original 2), demonstrando que a relevância e utilidade dos cartões dos países do GoPA! foi associada a fazer parte da rede do GoPA!, ter conhecimento sobre os cartões dos países do GoPA!, residir em países de baixa e média renda, e com o estágio de capacidade do país para a promoção da atividade física. Além disso, para que os cartões dos países tenham um impacto mais amplo na promoção da atividade física, o GoPA! precisará de países-alvo com capacidade limitada para promoção de atividade física. O aprimoramento adicional dos cartões e o treinamento sobre seu uso também foram identificados como ferramentas potenciais e relevantes para o avanço da capacidade nacional de promoção da atividade física e podem se mostrar como uma estratégia crítica em países com baixa ou nenhuma capacidade local (Artigo original 2). Considerando isso e dado o fato de que a produção científica local e regional e a capacidade de pesquisa na área de atividade física foram identificadas como estratégias para melhorar as políticas e programas de saúde pública para a promoção da atividade física, o grupo de trabalho do GoPA! decidiu começar a atualizar o indicador para o próximo conjunto de cartões dos países e o indicador de pesquisa foi selecionado para ser o primeiro. Além disso, uma revisão sistemática para descrever as tendências, padrões e características nacionais, regionais e globais da área de atividade física e pesquisa em saúde de 1950 a 2016 foi conduzida (Artigo original 3). Embora a área de pesquisa em atividade física e saúde tenha tido um enorme crescimento nos últimos 60 anos, com 70% dos países do mundo tendo pelo menos uma publicação na área, há uma distribuição desigual da produtividade da pesquisa por região e nível de renda mundial, particularmente nos países com maior carga devido a doenças não transmissíveis evitáveis e à inatividade física. A pesquisa mundial de atividade física entre 1950 e 2016 variou substancialmente por área geográfica e por grupo de renda, com uma diferença de mais de 20 vezes no número de publicações por 100.000 habitantes entre países de alta e baixa renda, sendo que menos de 5% da população mundial vive nos países com maior produtividade em pesquisa (Artigo original 3). Este projeto de doutorado mostrou uma distribuição desigual de indicadores de vigilância, pesquisa y pesquisa na área de atividade física. Pelo qual foi demonstrada a necessidade de monitoramento global e regular desses indicadores, particularmente em países com maiores lacunas de dados. Apesar das lacunas de dados significativas, os “Country Cards” representam uma estratégia relevante para a promoção da atividade física, pesquisa, política e vigilância especificamente em países com capacidade local limitada, falta de dados ou onde a inatividade física ainda não foi totalmente reconhecida como um problema de saúde pública. Para que os cartões de pais de GoPA! tenham um maior impacto devem ser apresentados com recomendações conforme a classificação de capacidade nacional para a promoção de atividade física. As tendências identificadas na pesquisa de atividade física e saúde oferecem informação importante para fechar as lacunas de pesquisa e guiar ações para otimizar a tradução de pesquisa em politica e vigilância a nível nacional, regional e global focada no impacto na saúde publica. Finalmente, a colaboração e os esforços para melhorar a capacidade local nos países de renda baixa são recomendados. Nos próximos anos, o GoPA! continuará a ter um papel importante relatando periodicamente o progresso em nível de cada país e o potencial para estimular a pesquisa, o desenvolvimento de capacidade local e advocacy nos níveis nacional e global.