Tema: “De Pelotas para o mundo: contribuições do PPGEpi”
Apresentação: Prof. Dr. Cesar Victora
Local: Auditório B
Horário: 14h
“Avaliação do Processo de Trabalho das Equipes de Saúde Bucal da Atenção Básica Brasileira”
Aluno(a): Bruna Venturin
Orientador(a): Prof. Dr. Luiz Augusto Facchini
Banca: Prof. Dr. Inácio Crochemore Mohnsam da Silva (PPGEPI/UFPEL), Profa. Dra. Maria Helena Magalhães de Mendonça (FIOCRUZ), Profa Dra. Marília Cristina Prado Louvison (USP).
Hora: 08:30h
Estudo revela a importância do recebimento de apoio social quando o idoso possui uma limitação funcional para realizar atividades da vida diária
O apoio social é a ajuda que uma pessoa recebe de amigos, família e comunidade. Ele pode ser medido pela quantidade de relações que a pessoa tem e pela qualidade dessa ajuda. Já a limitação funcional acontece quando um idoso tem dificuldades para fazer tarefas do dia a dia, como se alimentar ou cuidar da casa. Alguns estudos sugerem que o apoio social pode influenciar essas dificuldades, mas ainda não há uma pesquisa completa que mostre com clareza essa relação.
Assim, os pesquisadores Bruna Venturin, Elaine Thumé e Luiz Augusto Facchini, vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia e de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, investigaram a relação entre o apoio social e a limitação funcional entre os idosos. Para responder à pergunta de pesquisa, os autores nos dois primeiros artigos revisaram sistematicamente a literatura nacional e internacional e utilizaram os dados da baseline e do acompanhamento de 2019 do Estudo Longitudinal de Saúde do Idoso (ELSIBrasil). Além disso, no terceiro artigo foi investigado a relação entre a falta de apoio social e a limitação funcional entre os idosos, utilizando os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, que consiste em um inquérito populacional fruto de uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério da Saúde.
Os resultados mostraram que a frequência de apoio financeiro entre os idosos acompanhados no ELSI-Brasil foi de 14% (2015) e 11% (2019), enquanto a falta de apoio social da família, de amigos e de ambos esteve presente em 5%, 22% e 2% dos idosos investigados pela PNS de 2019, respectivamente. Os idosos com limitação funcional apresentaram maiores frequências de recebimento de apoio financeiro (artigo 2) e falta de apoio de amigos (artigo 3), quando comparados aos idosos sem limitação funcional. Verificou-se que os fatores demográficos e socioeconômicos, como sexo, idade, estado de saúde e renda influenciam na frequência de apoio financeiro (artigo 2). A falta de apoio social da família e de amigos esteve associada a fatores demográficos e socioeconômicos como a idade avançada, menor escolaridade e renda, não ter cônjuge e residir em áreas urbanas (artigo 3). Outro importante achado do artigo 3 foi o detalhamento dos tipos de ajuda recebida pelos idosos com limitações funcionais. Entre aqueles com dificuldades para atividades básicas da vida diária que relataram precisar e receber ajuda (87%), o ato de se vestir (81%) obteve a maior frequência e a menor frequência registrada foi para o ato de se alimentar só (33%). Já entre os idosos com limitação para atividades instrumentais que necessitavam e recebiam assistência (96%), as maiores frequências foram verificadas para: sair sozinho usando transporte (85%) e ir ao médico desacompanhado (84%), enquanto a menor frequência foi observada no ato de tomar remédios (29%).
Existem diversos fatores (psicológicos, sociais e fisiológicos) que podem explicar a associação entre o recebimento ou não de apoio social e a limitação funcional entre os idosos. Sendo eles, relacionados ao amortecimento do impacto negativo da limitação funcional, minimização dos efeitos psicológicos negativos e na situação de saúde, com a redução do estresse e depressão, preservando a autonomia. O recebimento do apoio social facilita acesso a cuidados, incentiva participação comunitária e oferece suporte prático. Além disso, promove hábitos saudáveis, estimulação cognitiva e melhor recuperação de agravos e doenças.
“Esses achados reforçam a importância da implementação e fortalecimento de estratégias que promovam o vínculo e a qualidade da rede de apoio social formal e informal para idosos, não apenas no aspecto emocional, mas também na ajuda prática para a execução de tarefas diárias, especialmente entre os indivíduos em situação de vulnerabilidade social e funcional”, destaca a pesquisadora. No entanto, Bruna e os pesquisadores alertam para a necessidade de mais estudos, principalmente longitudinais, com o objetivo primário de avaliar a associação investigada e de alta qualidade metodológica.
As implicações desses resultados são amplas e reforçam a necessidade de políticas públicas e intervenções que promovam redes de apoio social para idosos, especialmente entre aqueles em situação de vulnerabilidade social e funcional, sugerindo que é essencial estratégias para fortalecer laços comunitários e familiares, bem como programas que incentivem a inclusão social de idosos em risco de isolamento, prevenindo o agravamento da limitação funcional e seus impactos na qualidade de vida. Ainda, novas pesquisas sobre a relação entre o apoio social e limitação funcional devem ser realizadas, principalmente estudos longitudinais e com qualidade metodológica e um tamanho de amostra que permitam investigar a relação e a possível modificação de efeito e interação, dois pontos que não conseguimos contemplar no presente trabalho.
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