Com o aumento na prevalência de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares em todo o mundo é crescente a necessidade de identificar os fatores de risco destas doenças. Desde que Barker descreveu a hipótese da origem fetal das doenças crônicas, baseado na associação de baixo peso ao nascer com mortalidade por doença cardiovascular, o efeito a longo prazo do ambiente intra-uterino e dos primeiros anos de vida passaram a ser objeto de estudos. A síndrome metabólica é um agrupamento de várias co-morbidades: hipertensão, glicemia de jejum alterada, aumento de triglicérides, diminuição de colesterol HDL e deposição central de gordura. A ocorrência simultânea destes fatores está associada ao aumento de risco de doença arterial coronariana e diabetes, além de maior mortalidade geral e por doença cardiovascular. O presente trabalho tem por objetivo avaliar a prevalência e alguns fatores de risco para síndrome metabólica em 384 nascidos com retardo de crescimento intra-uterino que foram acompanhados ao nascimento, aos dois, aos quatro e aos 22-23 anos e em uma amostra de 1016 participantes da coorte de 1982, dentre os que foram identificados na visita de 2004-05. Além disso, realizar uma revisão da literatura sobre a associação entre peso ao nascer e síndrome metabólica. Uma coorte prospectiva como esta permite acompanhar de que forma a obesidade, especialmente a deposição central de gordura e a hipertensão se instalam e qual sua relação com os acontecimentos do começo da vida. O ganho de peso e a distribuição de gordura corporal desde o nascimento até a idade adulta parece ser peça chave no desenvolvimento dos mecanismos envolvidos na síndrome metabólica, especialmente da resistência à insulina.