Teses - PPGEpi

Título:

Measuring women’s empowerment and its impact on child development in African Countries: an analysis of national surveys

Autor:

Fernanda Ewerling

E-mail:

fewerling@equidade.org

Área de concentração:

Orientador:

Aluísio Barros

Banca examinadora:

Anita Raj(University of Georgia), Joseph Murray e Helen Gonçalves

Data da defesa:

21/06/2018

Palavras-chave:

Empoderamento das mulheres; autonomia; Saúde materna; serviços de saúde materno-infantil; desenvolvimento infantil;

Resumo:

Os objetivos de desenvolvimento sustentável apresentam um grande enfoque na redução de iniquidades. O objetivo 5, especificamente, visa a eliminação das desigualdades de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, reforçando a necessidade de ter um indicador que possibilite a mensuração do progresso dos países com relação a esta meta. O empoderamento das mulheres tem potencial para gerar mudanças que podem impactar positivamente a economia e os indicadores de saúde, tanto nos núcleos familiares quanto nas comunidades. O primeiro objetivo desta tese foi desenvolver um indicador de empoderamento feminino utilizando dados de inquéritos DHS (do inglês Demographic and Health Surveys) de 34 países africanos, possibilitando assim o monitoramento do empoderamento das mulheres na região (artigo 1). O indicador proposto, denominado SWPER (em inglês, Survey-based Women’s emPowERment), é composto por 15 itens e permite a avaliação de três domínios de empoderamento: postura com relação à violência, independência social e tomada de decisão. O SWPER possibilita a comparações dentro do país (entre indivíduos ou subgrupos) entre países, bem como a análise de tendências temporais. Nenhum outro índice baseado em inquéritos permite comparações entre países ou ao longo do tempo. Utilizando o SWPER, foi avaliada a associação entre o empoderamento das mulheres e um indicador composto de cobertura de intervenções de saúde (Composite Coverage Index, CCI). O CCI é calculado como uma média ponderada da cobertura de oito intervenções em saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil (artigo 2). Também foi avaliado se esse efeito seria modificado pelo nível de riqueza. Utilizando dados do DHS para 36 países da África, encontramos uma associação positiva entre os três domínios do SWPER e o CCI em nível do país. Uma mudança de um desvio padrão no empoderamento feminino aumentou o CCI em 15 (postura com relação à violência e tomada de decisão) e 23 pontos percentuais (independência social). Para este último, a associação foi modificada pela riqueza: cada desvio padrão adicional mostrou-se associado com 39,0 (IC 95%: 26,2 – 51,9) pontos percentuais de aumento no CCI entre os mais pobres e 9,7 (IC95%: 5,1 – 14,3) pontos percentuais entre o quintil mais rico. Também usando o SWPER, avaliamos o efeito do empoderamento da mãe no desenvolvimento da criança (artigo 3). Para isso, foi utilizado um indicador de desenvolvimento infantil desenvolvido pela UNICEF (ECDI, em inglês Early Childhood Development Index), que permite a avaliação de quatro domínios do desenvolvimento, a saber: alfabetização (originalmente denominado literacy-numeracy), físico, aprendizagem e socioemocional. Em média, 14,3%, 92,0%, 80,4% e 65,7% das crianças encontravam-se com desenvolvimento adequado nos domínios de alfabetização, físico, aprendizagem e socioemocional, respectivamente. Para cada aumento de um desvio padrão no empoderamento da mãe nos domínios de postura com relação à violência, independência social e tomada de decisão, as chances de a criança estar com desenvolvimento adequado em alfabetização aumentou em 31%, 90% e 31%, respectivamente. No entanto, o efeito do empoderamento da mãe sobre o desenvolvimento físico, de aprendizagem e socioemocional da criança foram muito pequenos ou nulos, o que pode estar relacionado à baixa variabilidade desses desfechos. No geral, nossos resultados sugerem que os esforços para alcançar o quinto objetivo de desenvolvimento sustentável (Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas) no continente africano podem ter um impacto importante na saúde materna e infantil, bem como no desenvolvimento da criança, em especial no domínio da alfabetização.