O excesso de peso é um fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis e para diversos desfechos adversos a saúde dos indivíduos. No tocante ao excesso em mulheres em idade fértil tem se observado a relação com desfechos negativos tanto na gestação e no período pós-natal, como também ao longo da vida dos filhos. Com relação aos desfechos ao longo da vida dos filhos, evidências sugerem que filhos de mães com excesso de peso apresentam maior risco de sobrepeso e obesidade, pior composição corporal e maior pressão arterial em relação aos filhos de mães com peso normal. Com relação a glicemia e perfil lipídico as evidências são escassas e controversas. A presente tese teve como objetivo avaliar a associação do índice de massa corporal materno pré-gestacional com fatores de risco cardiometabólicos e composição corporal dos filhos na infância e vida adulta, em três coortes de nascimento da cidade de Pelotas (1982, 1993 e 2004), Rio Grande do Sul, Brasil. Também avaliamos os possíveis mediadores dessas associações. O primeiro artigo original da tese avaliou a associação do índice de massa corporal materno prégestacional com medidas antropométricas e de composição corporal dos filhos, filhos de mães com sobrepeso e obesidade pré-gestacional apresentaram maior índice de massa corporal, circunferência da cintura e índice de massa gorda. Essa diferença foi maior entre as participantes do sexo feminino, os resultados foram similares nas três coortes exceto para altura. Na análise de mediação foi observado que peso ao nascer explicou parte da associação. O segundo artigo original da tese avaliou a influência do índice de massa corporal materno pré-gestacional sobre fatores de risco cardiometabólicos, para este estudo os dados das três coortes foram agrupados na análise que avaliou a associação com a pressão arterial, a coorte de 2004 não foi incluída nas análises de glicose e colesterol não HDL, pois não tinha dados disponíveis. Os filhos de mães com sobrepeso e obesidade apresentaram maiores médias de colesterol não HDL, pressão sistólica e diastólica, em relação aos filhos de mães com peso normal. Não foi observada associação com glicemia ao acaso dos filhos, e a análise de mediação mostrou que o índice de massa corporal dos filhos explicou toda associação do índice de massa corporal materno pré-gestacional com a pressão arterial dos filhos e o colesterol não HDL. Por fim, o terceiro artigo de revisão sistemática e meta-análise avaliou a influência do IMC materno pré-gestacional sobre a composição corporal e fatores de risco cardiometabólicos dos filhos, observou associação com IMC dos filhos, risco de sobrepeso e obesidade, pressão sistólica e diastólica. Não foi possível realizar uma meta-análise para os desfechos glicose, colesterol total e frações e massa magra, pela escassez de estudos que avaliaram esses desfechos. Foram encontradas algumas limitações metodológicas nos estudos incluídos na revisão, tais como ajuste para possíveis mediadores e falta de ajuste para confundimento por nível socioeconômico. Estudos futuros devem construir modelos de análise baseados em gráficos acíclicos direcionados para evitar ajustes desnecessários. Os resultados apresentados na presente tese, sugerem que o índice de massa corporal materno pré-gestacional está associado com fatores de risco cardiometabólicos, medidas antropométricas e de composição corporal dos filhos, e essas consequências a saúde dos filhos se mantiveram da infância até a vida adulta.