Ao longo da vida, a quantidade e qualidade de massa mineral óssea são determinadas por fatores genéticos e ambientais e também dependem de experiências anteriores, como estado nutricional, consumo alimentar, atividade física e níveis hormonais. Neste sentido, é proposto que a massa óssea em idade avançada tenha fatores determinantes no desenvolvimento inicial da vida, podendo resultar em um risco aumentado de fratura e osteoporose futura. Nesta tese, trabalhamos com dados da Coorte de 1993 de Pelotas e, foi investigado o efeito da alimentação, através do consumo de cálcio dietético, leite e de padrões de nutrientes, criados a partir de nutrientes que afetam a absorção de cálcio, nomeados de osso amigo (caracterizado pelo consumo de oxalato, proteína, cálcio e sódio) e osso não amigo (caracterizado pelo consumo de cafeína e com carga negativa de vitamina D) (Artigo 1) e do índice de massa corporal (IMC), índice de massa gorda (IMG), índice de massa magra (IMM) e obesidade (Artigo 2) da adolescência ao início da idade adulta sobre a Densidade Mineral Óssea (DMO) do corpo inteiro, coluna lombar e fêmur direito aos 22 anos de idade. Também foi avaliado o efeito do tamanho do corpo ao nascer e do crescimento em estatura e peso em diferentes períodos da infância e da adolescência sobre a DMO do corpo inteiro no início da idade adulta (Artigo 3). Em todos artigos a DMO foi obtida através da absorciometria de raios-x de dupla energia (DXA) e as análises foram estratificadas por sexo. O primeiro consta de uma análise longitudinal com os acompanhamentos realizados aos 18 e 22 anos de idade e obteve uma amostra de 3.109 indivíduos. Em relação ao consumo de leite entre os acompanhamentos, observamos efeito negativo para o sexo masculino, nas categorias de aumento e diminuição do consumo com DMO de corpo inteiro e DMO do fêmur. Para a ingestão de cálcio, observou-se associação positiva para o sexo feminino, na categoria aumento do consumo e DMO de corpo inteiro. Nas análises de padrões de nutrientes, homens com moderada ou diminuição da adesão ao padrão não amigo apresentaram aumento na DMO de corpo inteiro e as mulheres que também tiveram um consumo diminuído apresentaram aumento na DMO da coluna lombar. O segundo artigo longitudinal, também foi realizado com os acompanhamentos dos 18 e 22 anos de idade, com uma amostra final de 2.968 participantes. Observou-se associação positiva dos três índices sobre os desfechos ósseos, porém com maior magnitude para o IMC, seguido pelo IMM, sugerindo-se que a maior parte do efeito positivo da massa corporal sobre o osso seja decorrente da quantidade de massa magra. O último artigo, sobre crescimento condicional e DMO do corpo inteiro, contou com dados dos acompanhamentos realizados ao nascimento, 1, 4, 11, 15 e 18, com desfecho ósseo medido aos 22 anos, totalizando 756 indivíduos. Os efeitos do ganho de peso e comprimento/altura foram examinados utilizando peso relativo condicional (CWh) e comprimento/altura condicional (CH). Para os homens, maior ganho de altura aos 4, 11 e 18 anos foi associado com maior DMO do corpo inteiro após análise ajustada, sendo o resultado com maior magnitude dos 11 anos. Para as mulheres, a DMO foi associada ao ganho de altura em todas as avaliações até os 15 anos, com maior medida de efeito aos 4 anos. Em relação ao peso corporal, para os homens, maior peso ao nascer e ganho aos 4, 15 e 18 anos repercutiu em maior DMO, com maiores coeficientes aos 18 anos. Para as mulheres, com exceção ao peso ao nascer, todas as variáveis de ganho de peso estiveram associadas à maior DMO, com maiores coeficientes observados para os 4 anos.