A interleucina-6 (IL-6) apresenta relação causal com doenças cardiovasculares, as quais são a principal causa de morbimortalidade no mundo. Um dos principais fatores de risco comportamentais para as doenças cardiovasculares é a alimentação não saudável e o consumo de alimentos ultraprocessados tem sido observado em diversas populações, em nível mundial. Ainda, é crescente o corpo de evidências sobre a relação entre consumo de alimentos ultraprocessados e danos à saúde. Portanto, o primeiro artigo da presente tese teve por objetivo revisar a literatura para compreender a relação entre o grau de processamento de alimentos e fatores metabólicos de risco cardiovascular. Conclui-se que o consumo de alimentos ultraprocessados pode aumentar o risco para obesidade em adultos, com nível de evidência moderada. No segundo artigo foi investigada a associação dos fatores socioeconômicos e comportamentais com a concentração sérica de IL-6 aos 30 anos de idade, utilizando dados de 2809 participantes da Corte de Nascimentos de 1982 – Pelotas/ RS. Entre os homens, baixa escolaridade e tabagismo foram relacionadas com dosagens médias mais elevadas de IL-6 sérica, enquanto a ancestralidade africana e a menor renda estiveram associadas às concentrações mais elevadas desse biomarcador inflamatório nas mulheres. E ainda, a atividade física apresentou relação inversa com a média de IL-6 entre mulheres. Em ambos os sexos, a adiposidade foi o principal preditor da concentração sérica desse biomarcador. Por fim, o terceiro artigo desta tese propôs avaliar, longitudinalmente, a associação entre consumo de alimentos ultraprocessados e inflamação crônica, mensurada por IL-6 sérica, e investigar o papel mediador de adiposidade nesta associação. Foram analisados dados de dois estudos de coorte de Portugal (n = 524) e do Brasil (n = 2888). Mulheres da coorte portuguesa, pertencentes ao terceiro (2,20 pg/mL; IC 95% 1,60; 3,01) e quarto (2,64 pg/mL; IC 95% 1,89; 3,69) quartis de consumo de alimentos ultraprocessados apresentaram maior média de IL-6 comparada aquelas do primeiro (1,31 pg/mL; IC 95% 0,95; 1,82). Em Pelotas, homens pertencentes ao terceiro (1,50 pg/mL; IC 95% 1,41; 1,59) e quarto (1,59 pg/mL; IC 95% 1,49; 1,70) quartis de consumo de alimentos ultraprocessados tinham maior média de IL-6 do que aqueles do primeiro (1,40 pg/mL; IC 95% 1,32; 1,49). O valor-p de tendência linear foi significativo (<0.01) em ambos os achados. Ainda, não houve evidência estatística de que adiposidade seja um mediador da relação entre alimentos ultraprocessados e interleucina-6.