A presente tese teve como objetivo avaliar a associação prospectiva entre consumo de açúcar e cárie na primeira infância, por meio de três estudos. O primeiro estudo avaliou a associação entre a trajetória de consumo de açúcar e cárie dentária na Coorte de Nascimentos de Pelotas 2015, utilizando os dados dos acompanhamentos dos 3, 12, 24 e 48 meses. O segundo estudo verificou a associação entre a introdução do açúcar na dieta infantil e cárie na primeira infância, também na Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015. O terceiro artigo foi uma revisão sistemática que buscou identificar os estudos de coorte sobre a associação entre consumo de açúcar e cárie dentária na primeira infância. A trajetória do consumo de açúcar de 3 a 48 meses (sempre baixa, sempre intermediária, crescente e sempre alta), obtida por modelagem de trajetória baseada em grupo foi a exposição do primeiro artigo. O desfecho deste estudo foi a cárie dentária, obtida através de exame clínico realizado por dentistas calibrados aos 48 meses de idade. Houve uma associação significativa entre a trajetória de consumo de açúcar e cárie dentária aos 48 meses. Crianças com consumo crescente e sempre alto de açúcar apresentaram maiores prevalências de cárie. No segundo artigo, para avaliar o período da vida em que ocorreu a introdução do açúcar foram consideradas faixas de precocidade (antes dos 12 meses, dos 12 aos 24 meses, depois dos 24 meses). Foi verificada associação significativa entre a introdução precoce ao açúcar e cárie na primeira infância. A experiência de cárie foi 48% maior no grupo com introdução antes dos 12 meses de idade, em comparação àqueles onde o açúcar foi introduzido após os 24 meses de idade. Para o terceiro artigo, foi realizada uma busca sistemática da literatura sobre estudos de coorte da associação entre consumo de açúcar e cárie na primeira infância, nas principais bases de dados da área da saúde. Aplicando os critérios de inclusão e exclusão, 16 artigos foram selecionados para compor a revisão sistemática. A maioria dos artigos incluídos (n=14) na revisão encontrou uma associação entre o consumo de alimentos ou bebidas doces e a cárie na primeira infância.