Teses - PPGEpi

Título:

Associação entre transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e composição corporal: explorando a direção da associação e a susceptibilidade genética compartilhada

Autor:

Thais Martins da Silva

E-mail:

Área de concentração:

Orientador:

Luciana Tovo

Banca examinadora:

Gabriele Ghislen, Giovanni Salum e Helen Gonçalves.

Data da defesa:

25/09/2020

Palavras-chave:

Epidemiologia Genética

Resumo:

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais comuns na infância e adolescência, com persistência na vida adulta. Estudos clínicos e epidemiológicos têm demonstrado uma associação significativa entre TDAH e obesidade, com maiores estimativas dentre populações adultas. No entanto, poucos estudos empregaram de técnicas de composição corporal mais robustas para avaliar essas associações e poucos exploraram a relação genética entre as duas condições. A presente tese teve como objetivo investigar a relação entre TDAH e obesidade em uma perspectiva observacional e outra genética, por meio de três estudos. O primeiro estudo avaliou a presença e a direção do efeito causal da associação entre o índice de massa corporal (IMC) e TDAH por meio de análise de randomização Mendeliana de duas amostras, empregando estatísticas sumarizadas de estudos genômicos para cada fenótipo. Os resultados sugeriram uma relação causal do IMC em direção ao TDAH. A análise estratificada por função gênica sugeriu que genes envolvidos em rotas não neurológicas, como biossíntese e metabolismo lipídico e sistema imunológico, por exemplo, além de genes relacionados a funções neurobiológicas, possam também estar atuando nessa relação. No segundo artigo investigou-se a relação entre TDAH e obesidade utilizando dados da coorte de nascimentos de Pelotas de 1982 usando duas perspectivas: uma observacional e uma genética. A primeira investigou a associação entre medidas de composição corporal (IMC, massa gorda [MG] e massa livre de gordura [MLG]) e TDAH aos 30 anos. A segunda investigou fatores genéticos compartilhados entre IMC e TDAH por meio de um escore de risco poligênico (do inglês polygenic risk score; PRS) de IMC e de avaliação de genes super expressos no sistema de recompensa cerebral na relação entre ambas as condições. Os resultados mostraram uma associação positiva entre IMC, MG e TDAH aos 30 anos e uma diminuição sugestiva da chance de TDAH com o aumento da MLG. Em relação a abordagem genética observou-se uma associação sugestiva do PRS de IMC com TDAH. Ainda, os genes relacionados ao sistema de recompensa foram associados ao IMC entre os indivíduos com componente genético para o fenótipo e, indiretamente, com maior risco para TDAH. O terceiro estudo investigou a associação entre presença e sintomatologia de TDAH e a composição corporal (IMC, MG, MLG e massa magra [MM]) nos dados da coorte de nascimentos de Pelotas de 1993. Avaliou também a relação temporal entre TDAH e IMC por meio de Cross-Lagged Panel Model (CLPM). Os resultados mostraram associação entre TDAH, MM, MLG e MG, bem como entre sintomas de hiperatividade e IMC aos 22 anos. A presença de sintomas de TDAH aos 11 anos de idade foi associado a maior IMC aos 15 anos e maior composição de massa gorda e menor massa magra no início da idade adulta. Os resultados desta tese corroboram com os achados de associação entre TDAH e obesidade e sugerem que possa haver bidirecionalidade na associação, bem como um envolvimento de vias não neurológicas e neurológicas nessa relação.