O crescimento da população idosa é acompanhado pelo incremento nas taxas de morbidades crônicas e incapacidades demandando maiores investimentos em programas de saúde preventivos e de base domiciliar. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa preconiza a manutenção do idoso na comunidade, com o apoio dos familiares e o estabelecimento de uma rede social de ajuda. Portanto, os serviços de atenção básica à saúde precisam adequar-se a esta nova demanda, identificando precocemente idosos em situação de fragilidade e resgatando o domicílio como ambiente terapêutico. Estudo realizado por Elaine Thumé (UFPel), orientado pelos professores Luiz Augusto Facchini (UFPel) e Michael Reich (Harvard University – EUA), avaliou a assistência domiciliar a idosos, prestada por enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e assistentes sociais, segundo modelos de atenção básica – Saúde da Família e Tradicional. Os dados foram coletados em Bagé, Rio Grande do Sul, no ano de 2008. Um total de 1.593 idosos com 60 anos ou mais de idade, moradores da área urbana do município, responderam ao questionário. De cada cem idosos, sete referiram ter recebido assistência no domicílio no período de três meses anteriores à entrevista. A assistência domiciliar foi maior entre os idosos com história prévia de derrame, hospitalizados no último ano, presença de sinais de demência e incapacidade para as atividades da vida diária. Nas áreas sob responsabilidade das equipes Saúde da Família a utilização de assistência domiciliar foi cerca de três vezes maior quando comparada com as áreas sob responsabilidade da atenção básica Tradicional. A família foi responsável por 75% das solicitações de cuidado. Nas áreas da atenção básica Tradicional, os médicos responderam pela maior prestação de cuidados, enquanto, nas áreas da estratégia Saúde da Família houve maior diversificação dos profissionais envolvidos no cuidado, com destaque para a equipe de enfermagem. Aproximadamente 78% das solicitações foram atendidas em até 24 horas, 95% dos usuários avaliaram positivamente o cuidado recebido e dois terços dos idosos referiram melhora nas condições de saúde, após o atendimento, independente do modelo de atenção.A implantação da estratégia Saúde da Família em Bagé, melhorou o acesso e resultou em maior utilização de assistência domiciliar. Estes achados podem servir de estímulo à expansão da cobertura da Saúde da Família nos grandes centros urbanos, locais onde a cobertura ainda é limitada. O fato da estratégia Saúde da Família operar em áreas de maior vulnerabilidade social sugere uma maior equidade no acesso à assistência domiciliar entre os idosos. Nestas áreas, a maior prevalência de idosos com renda per capita de até um salário mínimo e sem acesso a plano de saúde indica que a Saúde da Família permitiu diminuir a desigualdade financeira no acesso aos cuidados domiciliares. As avaliações positivas dos idosos e familiares sobre o cuidado recebido e oimpacto na situação de saúde reforçam o domicílio como ambiente terapêutico, reiterando a importância de uma rede social de apoio.