O apoio social é um conceito complexo e multidimensional, mensurado sob os aspectos: i) estrutural, que avalia a rede de relacionamentos, e ii) funcional, que analisa a qualidade e eficácia dos recursos interpessoais. A limitação funcional nas atividades da vida diária (AVDs) refere-se à dificuldade ou incapacidade de realizar tarefas essenciais para a independência, sendo classificadas em básicas (ABVDs), relacionadas ao autocuidado, e instrumentais (AIVDs), que envolvem a autonomia em tarefas mais complexas. Alguns autores mencionam uma associação entre o apoio social e a limitação funcional entre os idosos, entretanto, não existe uma revisão de escopo que aponte a direção e magnitude da associação, assim como os desafios e lacunas na investigação. Sabe-se que os idosos com limitação funcional para realizar AVDs podem necessitar de apoio de diferentes tipos e níveis. Apesar da necessidade, o recebimento pode não ser efetuado ou efetivo, podendo causar consequências negativas na qualidade de vida e envelhecimento do indivíduo. Sendo assim, esta tese objetivou estimar a frequência de apoio social e explorar a sua associação com a limitação funcional para realizar atividades da vida diária, utilizando dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) e da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Para tanto, três artigos compõem essa tese. O primeiro artigo, teve como objetivo o de sintetizar e avaliar a associação do apoio social funcional e a limitação funcional para realizar AVDs entre os idosos não institucionalizados, observou-se que o apoio social, particularmente o apoio emocional e instrumental, está frequentemente associado à limitação funcional, principalmente no contexto das AVDs, porém o nível de certeza das evidências é baixo, implicando na necessidade de mais estudos longitudinais e com maior qualidade metodológica. Já o segundo artigo, realizado usando dados do ELSIBrasil, identificou que quase 14% em 2015 e 11% em 2019 dos idosos declararam receber apoio financeiro. Os idosos com limitação funcional apresentaram maiores frequências de recebimento de apoio financeiro comparados aos idosos que não recebiam apoio. Além disso, observou-se que mulheres, indivíduos sem cônjuge e os que tinham limitações funcionais para atividades básicas e instrumentais eram mais propensos a receber apoio financeiro. Por fim, o terceiro artigo trouxe contribuições relevantes ao explorar a ausência de apoio social e sua associação com a limitação social entre os idosos residentes em área urbana e rural, indicando que cerca de 5% dos idosos relataram falta de apoio familiar, enquanto aproximadamente 22% relataram ausência de apoio de amigos, e 2% não contavam com nenhum dos dois tipos de apoio. Ainda, o estudo mostrou que a falta de apoio social da família e/ou de amigos esteve positivamente associada a fatores demográficos e socioeconômicos, como idade avançada, baixa escolaridade, menor renda, não ter cônjuge e residir em áreas urbanas. Além disso, os idosos com limitação funcional para ABVD e AIVD apresentaram maior frequência de falta de apoio de amigos, mas não de familiares. Os achados apontam para a existência da associação entre apoio social e limitação funcional, destacando a importância de 9 políticas e intervenções que fortaleçam redes de apoio para idosos em situação de vulnerabilidade, além da necessidade de novas pesquisas.