Problemas de comportamento ocorridos na infância e/ou adolescência são multifatoriais e sofrem influências ambientais, biológicas e sociais. Diversos estudos vêm investigando fatores relacionados aos problemas de comportamento, no entanto pouco se sabe sobre o efeito de acontecimentos mais precoces, como o aleitamento materno. A amamentação atua na prevenção de diversas doenças e, recentemente, pesquisadores vêm investigando seus efeitos sobre o comportamento de crianças e adolescentes, porém sua relação ainda não está clara, sobretudo na adolescência. Essa tese teve como objetivo avaliar a associação entre tempo de amamentação e problemas de comportamento na infância e adolescência e se estes problemas no início da adolescência predizem o uso de bebidas alcoólicas, tabaco e drogas ilícitas aos 15 anos. A tese é composta por três artigos. O primeiro buscou as evidências disponíveis sobre a associação entre aleitamento materno e problemas de comportamento na infância e adolescência usando uma revisão sistemática. Para isso, foi feita busca sistemática de artigos publicados nas bases científicas PubMed, Lilacs e PsycINFO até dezembro de 2016. Os resultados indicam que crianças amamentadas por pelo menos três a quatro meses apresentam menos problemas de comportamento total e problemas de conduta na infância, no entanto, a associação não está clara na adolescência, sendo necessários mais estudos. O segundo artigo avaliou a associação entre tempo de amamentação e problemas de comportamento externalizantes em 630 crianças aos 4 anos, 1.227 adolescentes aos 11 anos e 1.199 aos 15 anos, da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1993. Os resultados sugerem que a amamentação por pelo menos seis meses é fator de proteção para hiperatividade aos 11 anos, não sendo observada associação com problemas externalizantes na infância e aos 15 anos. O terceiro artigo investigou se os problemas de comportamento externalizantes, internalizantes e ambos os problemas concomitantemente no início da adolescência (11 anos) prediziam o uso de bebidas alcoólicas, tabaco e drogas ilícitas aos 15 anos. Este estudo incluiu dados de mais de 3.500 participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1993. Os resultados demonstram que adolescentes com problemas de comportamento externalizantes apresentam maior risco para consumo abusivo de álcool, experimentação e uso recente de tabaco e aqueles com problemas internalizantes apresentam maior risco para experimentação e uso recente de tabaco. A presença de ambos os problemas, embora esteja associada a maior risco para experimentação e uso recente de tabaco, esteve inversamente associada a experimentação de álcool.