Teses - PPGEpi

Título:

Adequação de uso e necessidade não atendida de métodos contraceptivos modernos nas mães da Coorte de nascimento de 2015

Autor:

Gbènankpon Mathias Houvèssou

E-mail:

Área de concentração:

Orientador:

Mariangela Silveira

Banca examinadora:

Ana Menezes, Iná Santos e Celene Longo

Data da defesa:

16/11/2022

Arquivo:

Palavras-chave:

Contraceptivo moderno; Contraindicação; Necessidade não atendida

Resumo:

O planejamento familiar (PF) é um importante fator contribuinte para a sobrevivência infantil e redução da mortalidade materna. O uso de contraceptivos modernos é mais seguro e evita milhares de mortes maternas por ano, reduzindo a chance de gravidez não planejada e complicações associadas, diminuindo o risco de um aborto inseguro, adiando a primeira gravidez em mulheres jovens que podem ter desenvolvimento pélvico prematuro, e reduzindo os riscos de fragilidade da mulher devido à alta paridade e a gestações pouco espaçadas. Apesar de a maioria das mulheres poder usar com segurança os métodos modernos, condições médicas específicas servem como contraindicações relativas ou absolutas, principalmente devido às preocupações com o aumento do risco de condições trombóticas e cardiovasculares com o uso de estrogênio. A necessidade não atendida de contracepção é usada rotineiramente para avaliar políticas e programas de planejamento familiar. Apesar das implicações significativas do programa de planejamento familiar para o desenvolvimento econômico, ainda existe uma necessidade não atendida de métodos modernos, particularmente em países em desenvolvimento. Poucos estudos foram localizados no Brasil sobre adequação e necessidade não atendida de contracepção moderna. A presente tese teve como objetivo a) avaliar a evidência disponível sobre a prevalência do uso de contraceptivos hormonais combinados (CHC) por mulheres com contraindicações ao seu uso b) descrever o uso de anticoncepcionais modernos na presença de contraindicações de acordo com os critérios médicos de elegibilidade da OMS na coorte de nascimentos de Pelotas 2015; c) determinar a demanda total e a necessidade não atendida de contracepção com métodos modernos e seus determinantes nas mães participantes da Coorte de Nascimento de 2015 de Pelotas. O primeiro artigo foi uma revisão sistemática avaliando a prevalência de utilização de contraceptivos hormonais combinados em usuárias que apresentaram contraindicações ao seu uso. Foi realizada ampla busca nas bases de dados PubMed, Lilacs e Web of Sciences. Um total de 4363 artigos foram identificados e 18 artigos foram selecionados para a revisão. As contraindicações mais prevalentes ao uso de CHC foram hipertensão arterial sistêmica, enxaqueca e tabagismo (em mulheres com 35 anos ou mais). A prevalência de contraindicações ao uso de CHC variou de 5,9% a 41,9%. Para realização dos artigos 2 e 3, foram analisados os dados do acompanhamento dos 48 meses das mães participantes da Coorte de Nascimento de 2015 de Pelotas. Como amostra estudada, foram incluídas apenas as mães biológicas (com idade até 49 anos) das crianças pertencentes à Coorte de Nascimento de 2015 e que responderam ao questionário dos 48 meses. O segundo artigo avaliou o uso de contraceptivo moderno (CHC, contraceptivo a base de progesterona e dispositivos intrauterinos) na presença de contraindicações segundo critérios de elegibilidade da OMS. Das 3053 mães biológicas que estavam usando contracepção moderna, a prevalência de uso contraindicado de anticoncepcionais modernos foi de 25,9% (IC95%: 24,4-27,5). As usuárias de CHC apresentaram a maior prevalência de uso contraindicado (52,1%; IC95%: 49,3-54,8) e a contraindicação mais prevalente foi a enxaqueca (17,9%; IC95%: 16,6-19,3). A prevalência de uso contraindicado de métodos modernos foi maior nas mulheres com a renda familiar entre um e três salários-mínimos (29,2% IC95%: 26,9 – 31,7) , com índice de massa corporal entre 25-30 kg / m2 (28,4%; IC95%: 25,6 – 31,3), as que receberam indicação do método em uso atual de familiares ou amigos e um ginecologista (30,4%; IC95%: 22,1 – 40,1 e 29,8% (IC95%: 27,9 – 31,8 respectivamente ) e as mulheres que obtiveram o método anticoncepcional moderno por meio da compra em farmácia (31,7%; IC95%: 29,6 – 33,8). Quanto maior o nível de escolaridade da mulher, menor a prevalência de uso contraindicado de anticoncepcionais modernos (p = 0,001). O último artigo estudou necessidade não atendida de contracepção e seus determinantes. A amostra estudada foi de 3577 mães biológicas. As prevalências de uso de qualquer contraceptivo e de contraceptivos modernos foram de 86,0% (IC95%; 84,8 – 87,1) e 84,9% (IC95%; 83,7 – 86,1) respectivamente. A prevalência de necessidade não atendida foi de 10,7% (IC95%; 9,7 – 11,7), e a demanda total de contraceptivo moderno por planejamento familiar calculada a partir da porcentagem de mulheres com necessidades não atendidas mais a porcentagem de necessidades satisfeitas, foi de 95,6%. Quanto aos fatores associados à necessidade não atendida, as mulheres com idade maior que 34 anos (OR=0,6; IC95%; 0,5 – 0,8), e as que não eram chefes da família (OR= 0,6 IC95%; 0,4 – 0,9) apresentaram menor chance de ter necessidade não atendida de contracepção moderna, enquanto as mães sem marido ou companheiro, (OR=1,9; IC95%; 1,4 – 2,6), com três ou mais gestações (OR=1,9, IC95%, 1,3 – 2,6) e com pelo menos um aborto após o nascimento da criança participante da Coorte (OR=1,9; IC95%: 1,0 – 3,6) reportaram maior chance de ter necessidade não atendida.