O Brasil é um país extremamente desigual economicamente, tendo sido considerado, no ano de 2015, o décimo país mais desigual do mundo. Com poucas exceções, a ocorrência das mais diversas doenças e problemas de saúde se agrava entre os grupos sociais que estejam vivendo em situações socialmente desfavoráveis, ou seja, entre os mais pobres, entre grupos étnicos minoritários ou grupos que sofrem qualquer tipo de discriminação. Não por acaso, os países pobres apresentam condições de saúde sempre piores quando comparadas aos que são ricos. Há evidências de que tanto as condições socioeconômicas adversas no início da vida quanto na vida adulta podem levar ao maior acúmulo de tecido adiposo e alterar estado inflamatório. Entretanto, a sua relação com a forma subclínica da doença, que é importante em termos de prevenção, é pouco investigada. Portanto, com o objetivo de explicar a relação entre o nível socioeconômico e a adiposidade e os marcadores metabólicos (HDL e LDL) em adultos jovens pertencentes à coorte de 1993 de Pelotas, foi considerada a natureza cumulativa e dinâmica do nível socioeconômico, avaliando os seus efeitos ao longo da vida através de três hipóteses decorrentes de abordagens conceituais, as hipóteses de acumulação, de período crítico e de mobilidade social. Além disso, a presente tese objetivou investigar a mediação da adiposidade na associação entre o nível socioeconômico ao longo da vida e marcadores metabólicos na vida adulta.