Teses - PPGEpi

Título:

Mudança da atividade física na adolescência e seus preditores: Um estudo prospectivo no sul do Brasil

Autor:

Samuel de Carvalho Dumith

E-mail:

Área de concentração:

Epidemiologia

Orientador:

Denise Petrucci Gigante

Banca examinadora:

Bernardo Lessa Horta-UFPel; Mauro Virgílio Gomes de Barros-UPE Mário Renato Azevedo Junior-IFSUL-RS

Data da defesa:

01/01/2010

Palavras-chave:

Atividade física; adolescência; epidemiologia;

Resumo:

Nível de atividade física aumenta entre meninos e diminui entre meninas Esse foi o resultado de um estudo feito pelos pesquisadores Samuel Dumith, Denise Gigante e Marlos Domingues, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, e que contou com a colaboração do pesquisador Harold Kohl, da Universidade do Texas, Estados Unidos. Foram entrevistados 4.120 adolescentes que fazem parte de um projeto chamado Coorte de 1993, o qual acompanha todos os indivíduos que nasceram em Pelotas, RS, no ano de 1993. Esses adolescentes foram visitados em suas casas em 2004, quando tinham 11 anos de idade, e em 2008 quando tinham 15 anos. Enquanto a maioria dos estudos mostra que existe um declínio da atividade física durante a adolescência, os resultados do estudo realizado em Pelotas mostram redução somente para as meninas, de 120 para 90 minutos por semana (redução de 25% dos 11 aos 15 anos). Por outro lado, os meninos da Coorte de 93 aumentaram sua atividade física, passando de 270 minutos por semana em 2004 para 330 minutos por semana em 2008 (aumento de 22%). Dessa forma, o aumento na prática de atividade física entre os adolescentes do sexo masculino pode ser visto como um resultado surpreendente e positivo. Um dado interessante, segundo Dumith, é que os adolescentes que não praticam determinada atividade aos 11 anos, dificilmente começarão a praticar após essa idade. Sendo assim, estimular o envolvimento em diversos tipos de atividades esportivas durante a infância e início da adolescência deveria ser uma prioridade de políticas públicas para promover a prática de atividade física. Outro resultado que merece destaque é que adolescentes ativos aos 11 anos têm mais chance de serem ativos aos 15 anos. Isso mostra que o comportamento futuro tem forte relação com o comportamento apresentado no passado, ao menos no que se refere à prática de atividade física. Os pesquisadores também investigaram os fatores responsáveis pela mudança da atividade física durante a adolescência. O principal fator, dentre os diversos estudados, foi o nível de atividade física da mãe. Os adolescentes cujas mães aumentaram a prática de atividade física tiveram mais chance de se tornarem ativos. Outro fator importante foi a maneira de criação do adolescente. Aqueles que foram criados mais soltos, comparados aos seus amigos, foram mais ativos do que aqueles criados mais dentro de casa. Algumas diferenças foram observadas conforme o sexo do adolescente. Entre os meninos, por exemplo, os que mais aumentaram a prática de atividade física foram os mais pobres. A hipótese para isso é que os mais ricos estão mais envolvidos em atividades sedentárias. Outro achado interessante é que os meninos que têm medo de morar no bairro têm menos chances de virem a ser ativos. Assim, cuidar da segurança do bairro pode contribuir para aumentar a prática de atividade física. Para as meninas, aquelas que tiveram sua menstruação mais cedo (antes dos 12 anos) tiveram maior redução no nível de atividade física do que aquelas que menstruaram mais tarde. Além das alterações hormonais dessa fase, as meninas mais maduras podem apresentar maior interesse por outras atividades e menor atração pela prática de esportes. Mas também é possível que as meninas mais ativas menstruem mais tarde. Outra variável importante para elas foi o tempo gasto na frente da televisão, videogame e computador. As adolescentes que aumentaram o tempo ocupado com tais atividades tiveram mais chance de se tornarem sedentárias dos 11 aos 15 anos. Este é o primeiro estudo no Brasil que investigou a mudança da atividade física na adolescência e os fatores responsáveis por esse evento. A pesquisa mostra dados inéditos e de grande importância para pais, professores, pesquisadores, gestores de saúde, órgãos públicos e privados. Os resultados completos desta pesquisa serão publicados em breve, em revistas especializadas, sob a forma de artigos científicos.