Alimentos ultraprocessados representam, atualmente, uma das principais fontes de suprimento alimentar em países de alta, média e baixa-média renda, colaborando para um ambiente obesogênico. Assim, o primeiro objetivo desta tese foi revisar sistematicamente a literatura sobre a relação do consumo de ultraprocessados e a gordura corporal entre crianças e adolescentes, sendo observada uma relação positiva na maioria dos estudos incluídos na revisão. Entretanto, tais estudos não utilizaram a classificação NOVA, a qual propõe uma divisão dos alimentos em quatro grupos, de acordo com seu grau de processamento (in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados). Foram desenvolvidos mais dois artigos utilizando essa classificação, um com o objetivo de descrever o consumo de alimentos ultraprocessados em três diferentes idades (11, 22 e 30 anos), utilizando dados das Coortes de Nascimentos de Pelotas de 2004, 1993 e 1982; e outro com o objetivo de investigar a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a gordura corporal da infância ao início da adolescência, com os dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004, nos acompanhamentos dos seis e onze anos de idade. No geral, os resultados mostram um consumo mais alto entre os participantes da coorte mais jovem (2004, aos 11 anos), em comparação às demais. Quanto à relação com a gordura corporal, observou-se um efeito importante da ingestão de alimentos ultraprocessados da infância ao início da adolescência sobre a mudança no índice de massa gorda, considerando o mesmo período. A cada 100 gramas de consumo diário destes produtos houve um aumento médio de 0,14 kg/m² no Índice de Massa Gorda. Além disso, os resultados sugerem que o papel do processamento alimentar no acúmulo de gordura corporal se dá além do seu conteúdo calórico.