O fumo durante a gestação é um problema de saúde pública em diversos países, mesmo com a diminuição nas prevalências ao longo dos anos. Tal hábito apresenta diversos riscos para a mãe e para o feto, podendo, a longo prazo, causar prejuízo no desenvolvimento cognitivo e psicológico. A partir de revisão de literatura, estudos verificaram menores pontuações no quociente de inteligência (QI) e maior probabilidade de sintomas de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e depressão em indivíduos expostos ao fumo materno durante a gestação. Porém, tal relação ainda é controversa na literatura, e não foram encontrados estudos abordando estas temáticas em países de baixa e média renda. A presente tese teve como objetivo avaliar a associação entre fumo materno durante a gestação e QI, TAG e depressão na vida adulta a partir de três estudos. O primeiro estudo avaliou a associação entre fumo materno durante a gestação e QI nas coortes de Pelotas de 1982 e 1993; além disso, realizou-se análise de mediação utilizando peso ao nascer e amamentação como possíveis mediadores. Foi verificada associação significativa em ambas as coortes, com um pequeno percentual mediado por amamentação e peso ao nascer. O segundo estudo buscou verificar associação entre a exposição ao fumo materno durante a gestação, TAG e depressão aos 22 anos, na coorte de 1993. Também buscou-se investigar possível mediação a partir da saúde mental materna, coletada aos 11 anos. Houve associação entre exposição ao fumo e ambos os desfechos durante a vida adulta. A saúde mental materna mediou 18,2% da associação entre fumo materno e TAG, e 13,4% da associação entre fumo materno e depressão. O terceiro artigo foi uma revisão sistemática e metaanálise que avaliou a associação entre fumo materno durante a gestação e QI em crianças, adolescentes e adultos. Foi realizada uma busca sistemática nas bases de dados Pubmed, Web of Science, Lilacs e PsycINFO. Para a realização da meta-análise, os efeitos agregados foram obtidos mediante o uso de métodos aleatórios. 25 estudos foram incluídos na revisão, e 14 cumpriram com os critérios para meta-análise. O efeito agregado demonstrou que os indivíduos expostos aos fumo materno durante a gestação apresentaram menores pontuações no QI (β -1.30; IC95% –1.74, –0.86; I2 = 87.8 %).