“Consumo de alimentos ultraprocessados e gordura corporal na primeira infância: Coorte de Nascimentos de 2015”

Aluno(a): Anna Müller Pereira

Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Janaina Vieira dos Santos Motta  

Banca:  Prof.ª. Dr.ª Andréa Homsi Dâmaso (PPGEPI), Prof. Dr. Bernardo Lessa Horta (PPGEPI) e Prof.ª Dr.ª Francine Silva dos Santos (UFCSPA)

Local: Auditório A 

                                           Estudo revela impacto precoce dos ultraprocessados na composição corporal infantil 

     A tese de doutorado de Anna Müller Pereira, defendida no Programa de PósGraduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) sob orientação da professora Janaína Vieira dos Santos Motta, lança um alerta sobre o papel dos alimentos ultraprocessados na saúde das crianças brasileiras. 

     O trabalho, intitulado “Consumo de alimentos ultraprocessados e gordura corporal na primeira infância: Coorte de Nascimentos de 2015”, analisou o consumo de ultraprocessados desde os dois anos de idade e sua relação com o acúmulo de gordura corporal aos seis a sete anos. Utilizando dados da Coorte de Nascimentos de 2015 de Pelotas, um dos maiores estudos de acompanhamento de crianças no país, a pesquisa envolveu mais de duas mil participantes. 

     A investigação reuniu três grandes estudos para compreender como o consumo de ultraprocessados se estrutura na infância e seus efeitos sobre o corpo. Primeiro, foi criado e validado um escore prático, capaz de medir de maneira simples e confiável o consumo de ultraprocessados entre crianças pequenas. Em seguida, a pesquisadora demonstrou que o alto consumo desses produtos é mais comum entre filhos de mães com menor escolaridade, baixa renda, idade jovem, além de hábitos como tabagismo e inatividade física. 

    A análise longitudinal revelou um dado preocupante: O consumo de alimentos ultraprocessados tem impacto diferente na gordura corporal de meninos e meninas. Meninas que aumentaram o consumo de ultraprocessados entre 2 e 4 anos apresentaram maior acúmulo de gordura corporal aos 6–7 anos de idade. 

   Os resultados reforçam a necessidade urgente de políticas públicas que limitem a exposição precoce a alimentos ultraprocessados, sobretudo entre populações mais vulneráveis. Segundo Anna, “a infância é uma janela crítica para a formação de hábitos alimentares e para a prevenção da obesidade e doenças crônicas no futuro. Reduzir o consumo de ultraprocessados desde cedo é uma estratégia essencial para proteger a saúde das próximas gerações”.