Teses - PPGEpi

Título:

Prevalência de transtornos mentais e fatores associados em crianças de 6 – 7 anos pertencentes à Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004

Autor:

Sandra Petresco

E-mail:

sapetresco@yahoo.com

Área de concentração:

Epidemiologia do Ciclo Vital

Orientador:

Alicia Matijasevich

Banca examinadora:

Beatriz Frank Tavares, Elaine Tomasi e Helen Gonçalves

Data da defesa:

26/05/2015

Arquivo:

Palavras-chave:

Coorte 2004; Saúde mental, Saúde infantil

Resumo:

Os transtornos mentais representam uma importante causa de incapacidade, dependência e sofrimento na população, afetando 20 a 30% dos adultos em todo o mundo. Determinantes ambientais, genéticos, biológicos e comportamentais têm sido investigados em sua etiologia. Há cada vez mais evidências mostrando que pelo menos 50% de todos os transtornos mentais têm início na infância e adolescência. A grande maioria dos estudos publicados sobre a prevalência de transtornos psiquiátricos na infância foram conduzidos em países de renda alta, apesar de 90% da população mundial com idade inferior a 18 anos morar em países de renda média e baixa. Esta tese avaliou a prevalência de diferentes transtornos psiquiátricos em 3.585 (84.7% das 4.231 crianças nascidas vivas) crianças de 6 a 7 anos pertences à Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004 e analisou a presença de comorbidades psiquiátricas nestas crianças, a distribuição dos diferentes diagnósticos segundo o sexo da criança e a renda familiar e posteriormente buscou verificar possíveis fatores de risco. A avaliação da presença de transtorno psiquiátrico nas crianças foi realizada através do Development and Well-being Assessment (DAWBA) aplicado por psicólogas treinadas e supervisionadas por uma psicóloga com doutorado e experiência em pesquisas de base populacional e uma psiquiatra infantil com experiência clínica. Observou-se que cerca de 13% das crianças apresentavam um diagnóstico psiquiátrico segundo o DSM-IV, houve predomínio dos transtornos de ansiedade (8,8%), dentre os quais os mais frequentes foram a fobia específica (5,4%) e os transtorno de ansiedade de separação (3,2%). Os transtornos de comportamento foram menos frequentes, verificou-se 2,6% de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, 2,6% de Transtorno de Oposição e Desafio/ Transtorno de Conduta agrupados. Encontrou-se ainda 1,3% de transtornos depressivos. Observou-se que 17% das crianças apresentavam mais de um transtorno psiquiátrico simultaneamente. Os meninos apresentaram maior prevalência de transtornos psiquiátricos do que as meninas (14,7% versus 11,7%, respectivamente) e esta diferença foi estatisticamente significativa (p = 0,009). As crianças pertencentes às famílias com menor renda apresentaram maior probabilidade de apresentar transtornos psiquiátricos, sendo uma chance de 1,6; 2,4 e 3,0 vezes maior de possuir, respectivamente, qualquer diagnóstico psiquiátrico, transtornos de externalização e Transtorno de Oposição e Desafio/ Transtorno de Conduta comparado com aquelas crianças pertencentes às famílias mais ricas. Nossos achados confirmam o observado em países de renda alta e ressaltam a necessidade de estratégias precoces de prevenção de transtornos mentais junto às famílias, especialmente aquelas de menor renda, além de alertar para a necessidade da disponibilização de serviços que iniciem atendimento na infância precoce.