O efeito da lactação sobre a situação nutricional materna é controverso. Estudos que investigaram mudança de peso pós-parto entre lactantes e não lactantes foram identificados através de uma pesquisa no Medline, a partir de 1966 a junho de 2000. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave: “lactation or breastfeeding” e “maternal obesity or maternal overweight or weight retention or body composition or weight loss or weight gain” e “female or adult” e “human”. Foram excluídos os estudos que não referiram comparação entre os índices nutricionais maternos em lactantes e não lactantes, resultando em 42 estudos incluídos. Seis artigos que investigaram o efeito do controle de peso materno sobre a lactação também foram incluídos. Entre os estudos revisados, 24 não encontraram associação entre lactação e retenção de peso materno. O efeito protetor da lactação sobre a retenção de peso foi observado em doze artigos, enquanto seis mostraram o oposto. Na maioria dos estudos não houve controle para importantes fatores de confusão e, com algumas exceções, o período de acompanhamento não foi suficiente para avaliar mudança a longo prazo. Estudos que avaliaram o efeito do controle de peso sobre a lactação mostraram que uma perda de até 0,5 kg/semana não afetou o desempenho da lactação. Não há evidência conclusiva sugerindo que a lactação protege contra obesidade materna.DESCRITORES: aleitamento materno, mães, lactação, peso corporal, estado nutricional, revisão sistemática.NUTRIÇÃO MATERNA E A DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO EM UMA COORTE DE NASCIMENTO DE PELOTAS, RS.INTRODUÇÃO: Os efeitos da situação nutricional materna sobre a duração da amamentação são inconsistentes na literatura. Esses efeitos foram investigados em uma coorte de nascimentos hospitalares.MATERIAL E MÉTODO: Foram estudadas 977 mulheres que tiveram filhos no ano de 1993, em Pelotas (representando 20% dos nascimentos ocorridos naquele ano). Os efeitos da situação nutricional materna e de variáveis socioeconômicas e demográficas sobre a prevalência de amamentação aos seis meses de idade, bem como sobre a duração da amamentação foram analisados através de regressão logística e regressão de Cox, respectivamente.RESULTADOS: A análise multivariada mostrou que a prevalência de amamentação foi mais alta entre mulheres que iniciaram a gestação com 49 kg ou mais (RO = 1,31; IC95% 1,04 – 1,64) e a associação com altura materna foi no limiar da significância (p=0,06). A regressão de Cox mostrou um efeito protetor, no limiar da significância, do maior peso pré-gestacional sobre o desmame (RR = 0,91; IC95% 0,82 – 1,01). Não houve diferença na duração da amamentação quanto à altura materna. O ganho de peso gestacional não mostrou associação com prevalência ou duração da amamentação. A idade materna, a paridade, o hábito de tabagismo e a idade gestacional estiveram associados significativamente com a amamentação em ambas análises. A renda familiar mostrou associação com a prevalência de amamentação aos seis meses e o peso ao nascer com a duração da amamentação. CONCLUSÃO: O peso pré-gestacional foi um melhor preditor para duração da amamentação do que o ganho de peso gestacional.