O objetivo geral da tese foi avaliar o quociente de inteligência (QI) e a presença de depressão na adolescência. A tese é consiste em dois projetos. O primeiro projeto avaliou uma intervenção de aconselhamento nutricional realizado na infância e seus efeitos na inteligência aos 15-16 anos. Trata-se de um ensaio randomizado uni cego em clusters. Em 1998, as mães de crianças menores de dois anos receberam uma intervenção de aconselhamento nutricional (n=424). O aconselhamento incluiu a promoção da amamentação exclusiva até os 6 meses de idade e a continuação da amamentação com a inclusão de alimentos ricos em proteínas, lipídios e carboidratos para as crianças com idade entre seis meses e dois anos de idade. O grupo controle recebeu os cuidados habituais de saúde. Em 2013, os indivíduos que participaram do estudo quando crianças foram avaliados novamente (n=339; idade média (DP) de 15,4 anos [0.5]). O QI foi avaliado utilizando-se a Escala Wechsler de inteligência para Adultos (WAIS-III). A média (DP) do escore total de QI foi de 95.8 (11.2) e 93.4 (11.4) para o grupo controle e intervenção, respectivamente. A análise ajustada não indicou diferença nas médias de QI entre os grupos intervenção e controle (p=0.362). Não foi observado efeito a longo prazo da intervenção na inteligência. O segundo projeto avaliou a prevalência de depressão menor e os fatores demográficos, socioeconômicos e comportamentais associados em adolescentes de 10 a 19 anos. Trata-se de um estudo transversal de base populacional com amostragem realizada por conglomerados em dois níveis, com probabilidade proporcional ao tamanho. A depressão menor foi avaliada utilizando-se o Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9). Foi considerado com depressão menor o adolescente que referiu dois ou mais sintomas de depressão, desde que pelo menos um destes seja humor deprimido ou anedonia. Cada sintoma deveria estar presente durante “uma semana ou mais” ou “quase todos os dias”, com exceção do sintoma sobre pensamentos suicidas, que foi considerado um sintoma válido para qualquer frequência relatada pelo adolescente. Foram entrevistados 743 adolescentes. A prevalência de depressão foi de 17,0% (IC95% 14,0; 20,0). A frequência de depressão foi maior nas meninas, naqueles com idade entre 14 e 15 anos, com cor da pele parda, indígena ou amarela, tabagistas e nos adolescentes que conviviam com algum indivíduo deprimido no domicilio. Estes resultados indicam a depressão como importante doença entre adolescentes, ressaltando a necessidade de políticas de saúde mental voltadas a esta população, visando minimizar os impactos que os transtornos mentais produzem em curto e longo prazo.