Os acelerômetros (dispositivos portáteis que medem a aceleração dos movimentos corporais em um, dois ou três eixos – vertical, medio-lateral e anteroposterior) representam uma alternativa mais viável em termos logísticos e econômicos quando comparados a outros instrumentos de medida objetiva de atividade física como calorimetria indireta ou água duplamente marcada. Além disso, em relação a instrumentos de medida subjetiva como os questionários de atividade física – instrumento de medida mais utilizado em estudos de base populacional – os acelerômetros fornecem medidas mais fidedignas do tempo gasto com atividades físicas. No entanto, embora os acelerômetros apresentem vantagens, ao mesmo tempo configuram-se como um instrumento de medida relativamente novo e, em consequência disto, passível ainda de aprimoramentos, principalmente no que diz respeito à interpretação das informações fornecidas. Neste contexto, o primeiro artigo da tese apresentou uma revisão sistemática da literatura sobre os métodos e resultados encontrados em estudos de calibração de acelerometria usando sinal bruto de aceleração para medir atividade física. Foi possível observar que os estudos de calibração em acelerometria utilizando dados brutos são incipientes e possuem diferentes processos de filtragem dos dados. Procedimentos padronizados de filtragem dos dados são necessários para aumentar a comparabilidade entre os diferentes estudos de calibração em acelerometria. O segundo artigo avaliou parâmetros de validade (sensibilidade, especificidade e acurácia) de diferentes limiares de intensidade absoluta em METs, assumindo como medida critério categorias de intensidade relativa com base no percentual de consumo máximo de oxigênio. Os resultados deste estudo mostraram que os limiares de intensidade de atividade física gerados nas análises foram maiores e apresentaram maior especificidade quando comparados aos limiares presentes nas atuais recomendações de atividade física. Além disso, os limiares originados apresentaram uma precisão relativamente alta, inclusive quando aplicados especificamente a grupos de sexo, idade, estado nutricional e aptidão física. Por fim, no último artigo foram elaboradas diferentes propostas de pontos de corte para classificar intensidades de atividade física por meio de acelerometria, adotando diferentes medidas critério. Neste artigo também foi apresentada a comparação entre as estimativas de atividade física moderada à vigorosa conforme as diferentes propostas de pontos de corte elaboradas no estudo. Os resultados deste estudo permitiram identificar que a escolha da medida critério no processo analítico de calibração em acelerometria exerce importante influência nos limiares de intensidade identificados e consequentemente nas estimativas de atividade física.