“Associação do consumo de alimentos ultraprocessados e atividade física com índice de massa corporal e prevalência de obesidade aos 40 anos”
Aluno(a): Mariana Ribeiro Guioti
Orientador(a): Prof. Dr. Bernardo Horta
Banca: Prof. Dr. Christian Loret de Mola Zanatti (FURG) e Prof.ª Dr.ª Janaína Motta (PPGEPI-UFPel)
Local: Auditório A
Hora: 10h
Estudo revela impacto dos ultraprocessados e atividade física na obesidade aos 40 anos
Estudo realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, com participantes da Coorte de Nascimentos de 1982, Pelotas-RS, revelou que o consumo elevado de alimentos ultraprocessados (AUP) está associado a um maior índice de massa corporal (IMC) e a um maior risco de obesidade aos 40 anos. Enquanto, a prática regular de atividade física moderada ou vigorosa (AFMV) reduz significativamente esses riscos. No que se refere ao risco de obesidade, o consumo elevado de AUP aumentou a probabilidade de obesidade em 35%, enquanto a prática de AFMV reduziu o risco em 40%.
A obesidade é um importante fator de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), e são elas as principais causas de óbito e morte prematura no Brasil, sendo responsáveis por mais de 700mil mortes, sendo 41,8% de forma prematura. Nossos achados reforçam a importância de ações de incentivo a alimentação saudável e da prática regular de atividade física na prevenção da obesidade e de suas consequências para a saúde.
“Associação entre Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e biomarcadores inflamatórios avaliados aos 18 anos em participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004”
Aluno(a): Ariane Frey Machado
Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Luciana Tovo Rodrigues
Banca: Prof.ª Dr.ª Gabriele Cordenonzi Ghisleni (PPG em Saúde e Comportamento – UCPEL) e Prof.ª Dr.ª Iná da Silva dos Santos (PPGEPI-UFPel)
Local: Auditório A
Hora: 14h
Estudo revela ligação entre sintomas de TDAH e saúde em jovens adultos, com influência do sexo
Nos últimos anos, crescem as evidências que apontam para o papel da resposta inflamatória nos transtornos neuropsiquiátricos. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do desenvolvimento que afeta cerca de 6% a 10% das crianças e 4,4% dos adultos em todo o mundo, sendo caracterizado por dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade. Estudos recentes sugerem que pessoas com TDAH podem apresentar alterações inflamatórias que levam a um estado inflamatório crônico.
Para investigar se os sintomas de TDAH ao longo da infância e adolescência podem impactar os níveis de marcadores inflamatórios no início da vida adulta, a mestranda Ariane Frey Machado, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), conduziu um estudo inédito no Brasil utilizando dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004. Sob orientação da Professora Luciana Tovo Rodrigues, o estudo analisou informações de 2.926 participantes da coorte.
Os sintomas de TDAH foram avaliados em três momentos: aos 6, 11 e 15 anos. Aos 18 anos, os participantes foram até o Centro de Pesquisa em Saúde, no prédio Dr. Amílcar Gigante, para coleta de sangue. Amostras foram analisadas para medir três marcadores inflamatórios: Proteína C-Reativa (PCR), Albumina e Ácido Úrico (AU).
Os resultados do estudo apontaram diferenças importantes entre meninos e meninas. Entre os meninos que apresentaram persistência dos sintomas de TDAH nas três idades avaliadas, os níveis de ácido úrico estavam mais elevados. O ácido úrico, quando em excesso, pode desencadear processos inflamatórios no organismo. Já entre as meninas, essa associação não foi observada. Segundo Ariane, “Um dos pontos mais interessantes é avaliar as diferenças entre meninos e meninas. Isso pode ser útil para desenvolver intervenções mais personalizadas e direcionadas para cada sexo”.
Os achados sugerem que a persistência dos sintomas de TDAH desde a infância está associada a alterações nos marcadores inflamatórios, como o aumento do ácido úrico, especialmente em meninos. Isso destaca a importância do sexo como um fator modificador dos efeitos do TDAH, contribuindo para uma compreensão mais detalhada dos mecanismos biológicos envolvidos no transtorno.
Este estudo reforça a relevância de considerar diferenças entre os sexos em pesquisas sobre saúde mental e inflamação, abrindo caminhos para abordagens mais específicas no manejo do TDAH.
“Desigualdades em diferentes tipos de atividade física de lazer na adolescência e no início da vida adulta: análises prospectivas na Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas”
Aluno(a): Mylena Rocha de Farias
Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Bruna Gonçalves Cordeiro da Silva
Banca: Prof.ª Dr.ª Andrea Wendt (PUC-PR) e Prof. Dr. Inácio Crochemore Mohnsam da Silva (PPGEPI-UFPel)
Local: Auditório A
Hora: 10h
Desigualdades na prática de atividade física no lazer entre adolescentes e jovens adultos: Gênero, raça/cor e nível socioeconômico influenciam os tipos de prática.
Um estudo realizado no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas investigou como desigualdades de gênero, raça/cor e nível socioeconômico influenciam a prática de atividade física de lazer na adolescência e no início da vida adulta. O estudo foi realizado com dados da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas, pesquisa que acompanha todas as pessoas que nasceram na cidade no ano de 1993 desde o nascimento.
O estudo investigou a prática de diferentes tipos de atividade física de lazer, incluindo práticas coletivas (basquete, handebol, vôlei, futebol, entre outras), individuais (atletismo, natação, lutas, tênis e outras), atividades de academia (musculação, treinamento funcional, ginásticas de academia e outras) futebol e caminhada aos 15 e 22 anos dos participantes da coorte. Os resultados mostraram desigualdades significativas quando compararam a prática de diferentes tipos de atividades físicas entre homens e mulheres, brancos e negros e ricos e pobres. Os pesquisadores encontraram que os homens praticavam mais todas as modalidades, com exceção da caminhada na adolescência, que era mais praticada pelas mulheres. Em relação à raça/cor, pessoas negras apresentaram maior envolvimento em práticas coletivas e no futebol na adolescência. No entanto, essa diferença entre negros e brancos diminuiu na vida adulta, quando os brancos passaram a participar mais em práticas individuais e atividades de academia. Além disso, os pesquisadores observaram que jovens mais ricos tiveram maior acesso a práticas individuais e atividades de academia, enquanto os mais pobres mais acesso em práticas coletivas e futebol durante a adolescência. No entanto, na vida adulta, os mais ricos passaram a praticar mais todas as modalidades de atividade física de lazer.
Ao considerar análises que combinaram gênero, raça/cor e renda, chamada de interseccionalidade, os pesquisadores encontraram que homens, brancos e mais ricos praticavam mais atividades físicas de lazer em quase todas as modalidades do que mulheres, negras e mais pobres.
Implicações para políticas públicas
Os resultados da pesquisa destacam a necessidade de políticas públicas que garantam o acesso igualitário a essas atividades, levando em consideração as desigualdades de gênero, raça/cor e renda. A predominância de algumas modalidades de atividade física entre grupos mais privilegiados mostra as barreiras estruturais que dificultam a participação de mulheres, pessoas negras e pessoas com menos recursos. Investir na criação de mais espaços públicos para a prática de atividades físicas de lazer e em políticas públicas de inclusão pode ajudar a diminuir essas desigualdades, tornando a atividade física um direito acessível para todos.
“Consumo alimentar e desempenho cognitivo na infância: uma análise da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015”
Aluno(a): Glaucia Treichel Heller
Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Andréa Homsi Dâmaso
Banca: Prof.ª Dr.ª Ludmila Correa Muniz (Nutrição-UFPel) e Prof.ª Dr.ª Iná da Silva dos Santos (PPGEPI-UFPel)
Local: Auditório A
Hora: 14h
Alimentação infantil inadequada pode ter impacto negativo na inteligência, aponta estudo
Um estudo realizado pelo Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas identificou que uma alimentação inadequada nos primeiros anos de vida pode influenciar negativamente o nível de inteligência das crianças. A pesquisa
acompanhou mais de 4.000 crianças desde o nascimento, analisando o consumo alimentar aos 2 anos de idade e sua relação com o desempenho em testes de inteligência por volta dos 7 anos. Os resultados mostram que uma alimentação rica em alimentos ultraprocessados, quando consumida regularmente, pode estar relacionada a um desempenho inferior nos testes de inteligência.
O estudo avaliou as habilidades cognitivas, incluindo a inteligência, por meio de testes específicos para essa faixa etária, aplicados por psicólogos treinados. Esses testes fornecem pontuações para o quociente de inteligência, ou simplesmente QI como é conhecido. Já a
alimentação das crianças foi analisada utilizando um questionário de consumo alimentar habitual que identificou dois padrões alimentares distintos: um padrão saudável, composto por alimentos como feijão, frutas, verduras e legumes; e um padrão não saudável, caracterizado pelo consumo frequente de salgadinhos, macarrão instantâneo, biscoitos doces, guloseimas, refrigerantes, embutidos e carnes processadas. Os resultados indicaram que crianças com alto consumo do padrão alimentar não saudável tiveram menores pontuações de QI em comparação àquelas com menor consumo desses alimentos.
Por outro lado, ao contrário do esperado, o maior consumo do padrão alimentar saudável não esteve relacionado com melhores resultados nos testes de QI. Os pesquisadores sugerem que isso pode ocorrer porque a influência negativa do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados durante um período de desenvolvimento cerebral acelerado pode ser mais significativo do que os benefícios de consumir alimentos saudáveis em maior quantidade. Os resultados da pesquisa fazem parte da dissertação de mestrado da nutricionista Glaucia Treichel Heller, orientada pela professora e doutora Andréa Homsi Dâmaso e coorientada pela doutora Thaynã Ramos Flores. A pesquisa destaca a importância da alimentação nos primeiros anos de vida para um desenvolvimento cognitivo adequado na infância.
“Avaliar o QI durante a primeira infância é essencial, pois é nesse período que a inteligência se desenvolve rapidamente, atingindo certa estabilidade por volta dos 10 anos de idade”, explicam os autores. “Se o potencial de desenvolvimento cognitivo não for totalmente atingido na infância, isso pode afetar de forma negativa a saúde e os níveis de escolaridade, comprometendo a qualidade de vida e até mesmo a renda na vida adulta”.
Os pesquisadores também chamam a atenção para a crescente introdução de dietas de baixa qualidade nos primeiros anos de vida, o que pode ter consequências para a inteligência. Também reforçam a necessidade de políticas públicas e ações educativas para promover hábitos alimentares mais saudáveis desde a infância.
“Associação de eventos estressores e biomarcadores de inflamação em jovens adultos, pertencentes à Coorte de nascidos em 1993 da cidade de Pelotas, RS”
Aluno(a): Hellena Storch Vieira
Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Helen Gonçalves
Banca: Prof. Dr. Bernardo Horta (PPGEpi-UFPel) e Prof.ª Dr.ª Gabriele Cordenonzi Ghisleni (UCPel).
Local: Auditório B
Hora: 14h
Vivenciar eventos estressantes na adolescência e juventude podem aumentar inflamação no corpo?
A relação complexa entre o “estresse” e a saúde vem sendo estudada desde o final do século passado. O termo “estresse”, na literatura científica, geralmente refere-se a situações vivenciadas como opressoras, aflitivas e, portanto, negativas, que podem afetar diferentes âmbitos da vida por períodos variáveis ou definitivos.
Nem todas as pessoas enfrentam esses eventos da mesma maneira. A forma como cada um reage depende dos seus recursos emocionais e materiais, entre outros. Alguns poucos estudos, com amostras pequenas, mostraram que pessoas que sofreram estresse crônico na infância e adolescência têm maiores níveis de inflamação na vida adulta e, por conseguinte, de algumas doenças. Acredita-se que isso ocorra pela desregulação de sistemas neurológicos ligados ao controle da produção de inflamação. Essa desregulação ativa mecanismos de defesa evolutivos fisiológicos, que são importantes para a proteção do organismo contra as ameaças físicas, afetando a capacidade do corpo para interromper a inflamação.
A pesquisadora Hellena Vieira, mestranda do Pós-graduação em Epidemiologia da UFPEL, estudou se os eventos estressores vividos na infância e adolescência alteravam os níveis de inflamação, medidos pela dosagem das proteínas pró-inflamatórias – Proteína C Reativa (PCR) e Interleucina-6 (IL-6). Além disso, investigou também se esse efeito ocorre quando os eventos são vivenciados na transição da adolescência (18 anos) para o início da vida adulta (22 anos).
Para responder às suas questões, foram analisados os dados epidemiológicos dos participantes da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas (RS), pesquisa que acompanha há 30 anos as pessoas que nasceram no ano de 1993 na cidade. O estudo demonstrou que os entrevistados aos 18 anos que passaram por problemas financeiros e os que vivenciaram dois ou mais eventos estressores aos 22 anos tinham níveis mais baixos de PCR que os demais. Uma lista de eventos estressores foi investigada. Homens que sofreram abuso/violência física apresentaram níveis inflamatórios (PCR e IL-6) mais elevados quando comparados aos demais. Entre as mulheres, problemas financeiros aos 18 anos elevou os níveis de IL-6 aos 22 anos.
Mais estudos são necessários para entender melhor essa relação e como impedir que essas pessoas desenvolvam doenças e inflamações crônicas, essas últimas, associadas a condições como diabetes, depressão e cardiopatias. É preciso investigar quais outros tipos de estresse podem ter efeitos negativos já na juventude ou mesmo antes. Em contextos de alta desigualdade social, como o Brasil, intervenções multiníveis – que integrem políticas de redução de iniquidades e promoção de recursos psicossociais – podem ser estratégias promissoras para mitigar os efeitos do estresse crônico na saúde ao longo da vida.
“Efeito da prematuridade na ocorrência de cárie aos quatro anos de idade: Análise de associação e mediação em uma coorte brasileira de nascidos vivos”
Aluno(a): Marina da Costa Rocha
Orientador(a): Prof. Dr. Flávio Demarco
Banca: Prof.ª Dr.ª Vanessa Polina (PPGO-UFPel) e Prof. Dr. Inácio Crochemore Mohnsam da Silva (PPGEPI-UFPel)
Local: Auditório B
Hora: 08h
Pesquisa demonstra relação entre prematuridade e cárie em crianças
Crianças nascidas antes de 34 semanas de gestação possuem 40% menos risco de apresentar cárie dentária aos quatro anos de idade, em comparação com crianças nascidas após 39 semanas. Já as crianças nascidas entre 37 e 38 semanas possuem um risco 20% menor. É o que mostra um estudo de coorte, que acompanhou 3.654 crianças desde o pré-natal até os quatro anos idade na cidade de Pelotas, Sul do Brasil. Entre as possíveis explicações para o menor risco de cárie associado à prematuridade, destaca-se a influência do tempo de aparecimento do primeiro dente. Quanto menor a idade gestacional, mais tardio é o nascimento do primeiro dente da criança e menor é o risco de cárie na infância, uma vez que reduz o tempo de exposição aos fatores que levam ao aparecimento doença. Este estudo reforça a importância de iniciar os cuidados bucais a partir do nascimento do primeiro dente.
“Associação longitudinal entre as características do ambiente construído e atividade física em adultos de 40 anos da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982”
Aluno(a): Vivian Hernandez Botelho
Orientador(a): Prof. Dr. Inácio Crochemore Mohnsam da Silva
Banca: Prof. Dr. Adriano Akira Ferreira Hino (PUCPR – PPG em Ciências da Saúde) e Profª Drª Bruna Gonçalves da Silva (PPGEpi-UFPel)
Local: Auditório B
Hora: 10h
Ciclovias, ruas pavimentadas, calçadas e espaços públicos de lazer com qualidade, tamanho adequado e atributos para atividade física tem o potencial de aumentar um comportamento ativo em adultos pelotenses
Adultos que residem próximo a ciclovias, ruas pavimentadas, com presença de calçada, meio-fio e de espaços públicos abertos grandes com alguma qualidade para a prática de atividade física têm maior propensão à prática regular de atividade física de lazer e deslocamento, de acordo com estudo da Universidade Federal de Pelotas. A pesquisa comparou a prática de atividade física de participantes do estudo de coorte de nascimentos de 1982 em Pelotas com o ambiente de áreas de lazer, deslocamento e infraestrutura urbana em torno das residências dos pesquisados.
Um estudo realizado no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas buscou compreender se as características do ambiente construído ao redor da residência de adultos participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982 influenciam na atividade física realizada no lazer, deslocamento e total. Ao redor de 500 metros da residência dos participantes foram analisadas as características de pavimentação da rua, calçada, meio-fio, arborização, iluminação, lixo, esgoto a céu aberto, bueiro densidade populacional, renda do setor censitário, ciclovia, cruzamentos entre ruas e espaços públicos abertos como parques, praças e canteiros utilizáveis.
Os resultados mostraram que a existência de ciclovia, rua pavimentada, calçada, meio-fio e espaços públicos abertos com tamanho intermediário e qualidade regular para atividade física influenciaram para maior nível de atividade física de lazer. E os espaços públicos abertos com maior tamanho e alguma qualidade para prática de atividade física foram associados a praticar alguma atividade física de deslocamento. O nível socioeconômico foi um fator importante que influenciou na associação entre algumas características do ambiente construído com a AF. Destaca-se também o contexto local de Pelotas, uma cidade que a distribuição dos espaços públicos abertos não é de forma homogênea por toda a cidade, e que o nível socioeconômico influencia essa relação.
Embora os dados também mostrem algum nível de inconsistência da relação de algumas características ambientais com a atividade física, os pesquisadores ressaltam que a atividade física é um comportamento influenciado por múltiplos determinantes e que o ambiente construído público tem relevância para tal prática, mas sozinho pode ser que não consiga explicar muito da atividade física. As características em conjunto podem ainda ser melhor investigadas.
Mais estudos continuam sendo necessários para compreender melhor a relação do ambiente construído com a atividade física no contexto do Brasil, especificamente estudos longitudinais que avaliam ao longo do tempo. Visto a intersetorialidade das áreas de atividade física, planejamento urbano e saúde pública, os resultados reforçam a necessidade de elaboração e implementação de políticas públicas de prevenção e promoção da saúde, que melhorem a estrutura dos espaços públicos de forma equitativa propiciando o desenvolvimento de comportamentos saudáveis, tornando-os mais seguros e acessíveis.
“Espessura do Complexo Médio-Intimal da Artéria Carótida aos 18 e 30 Anos: Acúmulo de Fatores de Risco”
Aluno(a): Lucas Farias da Costa
Orientador(a): Prof. Dr. Fernando Cesar Wehrmeister
Banca: Prof. Dr. Ricardo Oliveira (UFRN) e Prof. Dr. Bernardo (PPGEpi – UFPel)
Local: Auditório B
Hora: 14h
Álcool, tabagismo, excesso de peso e baixa atividade fisica causam aumento da espessura intima da artéria carótida, aponta estudo da UFPel
Os casos de doenças cardiovasculares têm aumentado em todo mundo. A dissertação de mestrado do pesquisador Lucas Farias, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), sob orientação do professor Fernando C. Wehrmeister e da Dra. Adriana Machado avaliou a associação entre o acúmulo de fatores de risco cardiovascular e a espessura médio-intimal (EMI) da artéria carótida. O estudo, realizado com 4106 jovens de 18 anos e 3701 adultos de 30 anos, revelou que tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso e baixa atividade física estão relacionados com maior espessura da carótida. Além da exposição individual a esses fatores, a exposição acumulada aumentou muito a espessura da carótida, especialmente em homens.
Utilizada como um marcador não invasivo para avaliar o acúmulo de placas de gordura nas paredes das artérias (aterosclerose), a espessura médio-intimal (EMI) da artéria carótida demonstra alterações estruturais precoces na parede arterial, onde protege de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. O aumento da EMI é um indicativo de que há um processo inflamatório em andamento na parede da artéria, que pode levar à formação de placas de gordura e, consequentemente, ao estreitamento da artéria, dificultando a passagem do sangue. Esse processo aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto do miocárdio.
Os resultados deste estudo reforçam a importância da adoção de políticas públicas e programas de saúde que incentivem estilos de vida saudáveis desde a juventude, prevenindo a progressão da aterosclerose e reduzindo o risco de eventos cardiovasculares na vida adulta. Além disso, os achados abrem caminho para novas investigações que possam explorar mecanismos biológicos envolvidos nessa associação, bem como avaliar o impacto de intervenções voltadas para a redução do acúmulo de fatores de risco. Futuras pesquisas podem também examinar a influência de fatores genéticos e hormonais sobre a espessura médio-intimal, contribuindo para estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares.
“Determinantes e padrões de normalidade da força de preensão manual em adultos da Coorte de nascimentos de 1982 da cidade de Pelotas, RS.”
Aluno(a): Débora Vergara Ferro
Orientador(a): Prof. Dr. Fernando Pires Hartwig
Banca: Prof. Dr. Thiago Gonzalez Barbosa e Silva (UCPEL/UFPel) e Prof.ª Dr.ª Bruna Gonçalves Cordeiro da Silva (PPGEpi-UFPel)
Local: Auditório A
Hora: 16h
Estudo desenvolve aplicativo para avaliar a saúde muscular de um paciente com base na sua força
A saúde dos músculos é uma parte importante da saúde geral das pessoas. Uma das formas de saber como está a saúde dos músculos é pela força que uma pessoa tem. Uma das formas mais comuns de avaliar a força é usando um aparelho chamado dinamômetro. Com este equipamento, é possível medir o que se chama de força de preensão manual, ou seja, o quanto de força uma pessoa consegue fazer ao fechar a mão. Vários estudos mostram que a força de preensão manual de um indivíduo dá uma boa noção da sua força de modo geral e, portanto, da sua saúde muscular.
Como saber se a força de preensão manual é baixa o bastante para ser indicativo de algum problema de saúde muscular? Este foi o objetivo da pesquisa da fisioterapeuta Débora Vergara Ferro, aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), sob orientação do professor Fernando Pires Hartwig.
A pesquisadora explica que uma das formas de identificar baixa força é através dos chamados padrões de normalidade: “No nosso estudo, medimos a força de preensão manual em pessoas que sabemos que têm boa saúde muscular. Com esta informação, conseguimos saber qual é a força que seria esperada em pacientes com boa saúde muscular. Ao avaliarmos um novo paciente, podemos comparar sua força com a força que seria esperada que ele tivesse. Se a força do paciente for muito menor do que a força esperada, é um indicativo de que sua saúde muscular pode estar comprometida.”
Esta pesquisa foi realizada com a população pelotense, utilizando dados do estudo chamado “Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982”. Este estudo acompanha a saúde dos indivíduos nascidos em 1982 na cidade de Pelotas ao longo de quatro décadas. “Somos especialmente gratos à população pelotense, que acolhe e participa de nossas pesquisas. Sem a colaboração da população, não teríamos os dados que permitiram a realização deste estudo”, afirma o orientador da pesquisa.
Com base nos resultados da pesquisa, os pesquisadores estão desenvolvendo um aplicativo, atualmente em fase de testes. A autora comenta: “Conseguimos desenvolver valores de padrão de normalidade da força de preensão manual. O próximo passo é disponibilizar estes dados através de uma ferramenta gratuita e simples de usar, para que profissionais de saúde possam fazer uma avaliação mais adequada da saúde muscular de seus pacientes”.
“Práticas do cuidado de pessoas com hipertensão na Atenção Primária à Saúde no RS”
Aluno(a): Vitória de Oliveira Ximendes
Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Elaine Tomasi
Banca: Profª. Drª. Ângela Moreira Vitória (UFPel) e Prof.ª Dr.ª Iná da Silva dos Santos (PPGEpi-UFPel)
Local: Auditório B
Hora: 10h
Como é o cuidado às pessoas com hipertensão? Estudo avalia as práticas dos profissionais da Atenção Primária no RS.
Pesquisa realizada em 38 municípios do Rio Grande do Sul demonstra que equipes de Estratégia de Saúde da Família apresentam melhor qualidade em ações de Rastreamento da hipertensão, e equipes com presença de educador físico apresentam melhor qualidade em ações de Promoção da Saúde no cuidado de Unidades Básicas de Saúde (UBS). As ações de Prevenção de doenças foram as mais relatadas, com cerca de 90% das equipes realizando todas as ações do cuidado.
Também, equipes de cidades de menor porte (até 10 mil habitantes) apresentaram melhor cuidado de Rastreamento, e UBS do tipo mista (atendendo população rural e urbana) apresentaram melhor cuidado em Rastreamento e Promoção da Saúde.
As ações menos relatadas pelas equipes na APS foram a repetição da aferição da pressão arterial no Rastreamento (28,3%) e ações coletivas como as de diminuição do uso abusivo de bebida alcoólica (45,1%) e de diminuição do uso de tabaco (46,7%) na Promoção da Saúde.
Entende-se que a hipertensão exige uma extensa linha de cuidados para o seu enfrentamento, desde a suspeita do diagnóstico, até tratamentos mais específicos, passando por acesso e utilização de serviços de atenção primária e especializados. Um estudo a partir dos Sistema de Informações Ambulatoriais e Sistema de Informações Hospitalares, apontou um custo de R$ 2,03 bilhões em 2018 atribuível à HAS, superando os custos da diabetes e obesidade juntos (1,42 bilhão). Assim, ações de promoção da saúde direcionadas a toda a população se tornam centrais, com o papel de prevenir o surgimento da doença e de agravos ao longo do tratamento.
O estudo expõe as fragilidades das ações coletivas de promoção da saúde e o foco nos cuidados pós-diagnóstico de doenças. Logo, é necessário maior investimento em estrutura e profissionais de apoio para atender à população na manutenção da sua saúde, evitando possíveis agravos e incidência de doenças, em especial as crônicas como a hipertensão.
“Inter-relações entre asma e atopia e seu papel na saúde do sono: uma avaliação da adolescência até o início da vida adulta”
Aluno(a): Gabriela Ávila Marques
Orientador(a): Prof. Dr. Fernando C. Wehrmeister
Banca: Marcia Pizzichini (USFC) e Ana Menezes, Luciana (PPGEPI-UFPEL)
Local: Auditório A
Hora: 09h
“Perímetro cefálico e capital humano: Coorte de Nascimentos de 1993 de pelotas”
Aluno(a): Marina de Borba Oliveira Freire
Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Ana Maria Baptista Menezes
Banca: Prof. Dra. Beatriz Franck Tavares (DSM – UFPEL), Prof. Dra. Iná da Silva dos Santos (PPGEPI-UFPEL); Prof. Dra. Mariângela Freiras da Silveira (PPGEPI – UFPEL)
Hora: 14h
Perímetro Cafálico na infância e inteligência na vida adulta: uma medida simples e de baixo custo que pode ajudar as crianças a alcançar seu máximo potencial cognitivo
O perímetro cefálico é uma medida antropométrica feita com uma fita métrica, onde o pediatra ou outro profisional de saúde mede toda a circumferência da cabeça da criança. Enquanto o peso e comprimento refletem o crescimento do corpo da criança, o perímetro cefálico parece estar especificamente relacionado ao crescimento do cérebro e ao ganho de inteligência. Investigar a relação do perímetro cefálico na primeira infância com inteligência e escolaridade no início da vida adulta foi o tema da tese de doutorado desenvolvida por Marina de Borba Oliveira Freire, sob orientação das professoras Ana Menezes e Bruna Gonçalves, da Universidade Federal de Pelotas, em parceria com pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra. O estudo foi realizado com dados da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas, que incluiu todas as crianças nascidas na cidade em 1993 e que completou 30 anos de acompanhamento no último ano, figurando entre os maiores estudos longitudinais epidemiológicos da América Latina. “Crianças que nasceram com menor perímetro cafálico apresentaram pior desempenho nos testes de inteligência e menor escolaridade do que seus pares, mesmo considerando uma série de fatores que poderiam influenciar esses resultados, como renda da família, escolaridade dos pais, e uso de cigarro durante a gestação”, diz Marina.
A boa notícia é que, independente do perímetro cefálico ao nascer, quanto maior o crescimento da cabeça durante o primeiro ano de vida, maior o quociente de inteligência (QI) aos 18 anos. Por exemplo, consideramos um menino nascido com um perímetro cefálico 31,9 cm, menor do que a medida apresentada por cerca de 97% dos meninos ao nascimento. Se ele alcançasse a média dos meninos aos 12 meses (46,1 cm), um salto de crescimento frequentemente observado no estudo, teria um QI previsto 3 pontos maior aos 18 anos do que se ele tivesse mantido a mesma posição em relação à população com mesmo sexo e idade (43,5 cm). Relatórios esconômicos dos Estados Unidos estimam que um aumento de 3 pontos no QI represente um aumento da renda ao longo da vida entre 5.4% e 7.2%. “Mais do que uma diferença estatística, nossos resultados representam um impacto real na vida dessas crianças” – ressalta a autora principal. “Além disso, é importante destacar que observamos grandes saltos de crescimento em nosso estudo, ainda maiores do que no exemplo proposto. E se isso foi possível no início dos anos 1990, poucos anos após o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS), são ainda mais prováveis de que aconteçam hoje, após importantes melhorias na saúde e nutrição infantil”. Os resultados da tese apontam ainda que o período de maior impacto do crescimento do perímetro cefálico correponde aos primeiros seis meses de vida. “Nossos dados mostraram que é possível identificar precocemente crianças em risco de apresentar piores desfechos no futuro por meio de uma medida simples, rápida e de baixo custo. O próximo passo é investigar fatores possivelmente relacionados ao crescimento do perímetro cefálico nos primeiros seis meses de vida, como amamentação e estimulação no ambiente familiar. A melhor compreensão desses fatores pode guiar futuras intervenções que busquem otimizar o desenvolvimento das crianças e ajudá-las a alcançar o seu máximo potencial cognitivo” – completa Marina.
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