Dissertações- PPGEpi

Título:

Consumo alimentar e desempenho cognitivo na infância: uma análise da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015

Autor:

Glaucia Treichel Heller

E-mail:

Área de concentração:

Epidemiologia do Ciclo Vital

Orientador:

Andréa Dâmaso

Banca examinadora:

Iná da Silva dos Santos (examinador interno) e Ludmila Correa Muniz (examinador externo)

Data da defesa:

20/02/2025

Arquivo:

Palavras-chave:

Consumo alimentar; Padrões alimentares; Desempenho cognitivo; Quociente de inteligência; Infância;Déficits; Estudos de coorte

Resumo:

Os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como a inteligência. Esse período é marcado por um rápido desenvolvimento cerebral, durante o qual a alimentação desempenha um papel fundamental, fornecendo energia e nutrientes necessários. Além disso, a infância é uma fase fundamental para o estabelecimento de preferências e hábitos alimentares que podem persistir ao longo da vida e influenciar a saúde futura. Diante da crescente introdução precoce de dietas de baixa qualidade e suas potenciais implicações no desenvolvimento infantil, este estudo teve como objetivo descrever os padrões alimentares aos 2 anos de idade e investigar sua associação com o desempenho cognitivo aos 6-7 anos em crianças da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015 no sul do Brasil. O consumo alimentar foi avaliado por meio de um questionário de consumo habitual aos 2 anos, e os padrões foram identificados por meio de análise de componentes principais. O desempenho cognitivo foi avaliado utilizando a Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (4ª edição) aos 6-7 anos, que forneceu pontuações de quociente de inteligência (QI). A amostra analítica incluiu 3.483 crianças com informações disponíveis. Foram obtidos dois padrões alimentares que explicaram 23,2% da variância total. As associações foram testadas utilizando modelos de regressão linear bruto e ajustado. O padrão alimentar não saudável – caracterizado por salgadinhos, macarrão instantâneo, biscoitos doces, guloseimas, refrigerantes, embutidos e carnes processadas – esteve negativamente associado com as pontuações de QI (p < 0,001). Análises exploratórias sugerem que déficits no início da vida (peso, altura ou perímetro cefálico para a idade) podem amplificar os efeitos negativos do padrão alimentar não saudável no QI (p de interação= 0,020). Crianças com uma alta adesão ao padrão não saudável e déficits no início da vida apresentarem uma redução média de 4,78 pontos no QI (IC 95%: -7,06; -2,49), enquanto aquelas sem déficits apresentaram redução de 2,24 pontos (IC 95%: -3,35; -1,13), em comparação àquelas com baixa adesão, mesmo após ajustes. Por outro lado, nenhuma associação estatisticamente significativa foi encontrada entre o padrão alimentar saudável – caracterizado por feijão, comidas salgadas, frutos, sucos naturais, verduras e legumes – e as pontuações de QI. Os resultados que uma dieta pouco saudável na primeira infância pode prejudicar o desempenho cognitivo, principalmente em crianças com déficits na primeira infância.