A comunicação moral envolve a transmissão de valores morais relacionados ao respeito e à preocupação com o bem-estar dos outros, cuidado, cooperação, direitos e noções de justiça. Diferentes estilos e comportamentos parentais têm sido associados ao desenvolvimento moral das crianças e aos seus próprios comportamentos agressivos e pró-sociais. No entanto, há uma escassez de estudos sobre a influência da comunicação moral dos pais nesses desfechos, considerando narrativas e o conteúdo de outras comunicações verbais. O primeiro objetivo da tese foi desenvolver um sistema de codificação para medir a comunicação moral entre mães e seus filhos durante uma tarefa de compartilhamento de livro, usando interações filmadas entre mães e crianças de 4 anos no Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015, um estudo prospectivo de base populacional com 4.275 crianças nascidas em 2015 na cidade de Pelotas, no sul do Brasil. Foram identificados dois fatores latentes de comunicação moral, rotulados como preocupação moral material e interpessoal. O segundo objetivo da tese foi avaliar associações entre a comunicação moral materna aos 4 anos e o julgamento moral das crianças aos 6-7 anos. Foi encontrada uma associação positiva, embora não estivesse claro qual tipo específico de comunicação (sobre preocupações morais materiais vs. interpessoais) era mais importante para as cognições morais da criança. Outros preditores incluíram maior renda familiar, maior paridade materna, maior escolaridade materna, habilidade linguística da criança e sexo da criança (sendo do sexo feminino). O terceiro objetivo da tese foi avaliar associações entre a comunicação moral materna aos 4 anos e os comportamentos agressivos e pró-sociais das crianças aos 6-7 anos. Não foram encontradas associações significativas entre a comunicação moral materna e os comportamentos agressivos ou pró-sociais das crianças. Estes estudos representam a primeira investigação da comunicação moral materna no contexto brasileiro, destacando a necessidade de mais pesquisas nessa área sobre outras influências potenciais no desenvolvimento moral das crianças pequenas (como exposição à violência e normas culturais) e investigação adicional sobre o papel da comunicação dos pais sobre moralidade em períodos posteriores de desenvolvimento, ao longo da infância e da adolescência.