Aluno:Francine dos Santos Costa
Título: Desenvolvimento cognitivo na infância e cárie dentária aos 5 e 12 anos: um estudo na coorte de nascimentos de 2004
Área de concentração:
Orientador:Flávio Fernando Demarco
Banca examinadora:Luciana Quevedo, Gustavo Nascimento e Iná Santos
Data defesa:28/02/2020
Palavras-chave:Coorte 2004
Apesar de ter sido observado declÃnio na ocorrência da cárie dentária, as altas prevalências
da doença configuram um importante problema de saúde pública. A cárie dentária distribui-se de forma desigual na população, gera custos substanciais aos sistemas de saúde e
impacta a qualidade de vida relacionada à saúde bucal. Por ser uma doença comportamental
e passÃvel de prevenção, é importante que se investigue fatores que no inÃcio da vida possam
predizer ou explicar a sua ocorrência. Neste sentido, o objetivo desta tese foi investigar se a
estimulação cognitiva da criança no inÃcio da vida pode ser um preditor de cárie aos 5 anos,
além de identificar se há associação causal entre a habilidade cognitiva da criança aos 6
anos com a ocorrência de cárie dentária na adolescência precoce. A tese foi desenvolvida
através de revisão crÃtica da literatura e formulação de hipótese, que deu origem ao primeiro
artigo. Os artigos originais foram desenvolvidos com dados coletados na coorte de
nascimentos de 2004 de Pelotas. Foram utilizados dados dos acompanhamentos perinatal,
24 meses, 48 meses e seis anos da coorte completa e dados aos 5 e 12-13 anos dos
acompanhamentos de saúde bucal. O primeiro artigo desta tese discutiu os possÃveis
caminhos para explicar como a estimulação da criança no inÃcio da vida poderia estar
associada à saúde bucal no futuro, sob a perspectiva de duas teorias do ciclo vital: cadeira
de risco e acúmulo de risco. Neste artigo foi possÃvel observar que as evidências parecem
convergir para a ideia de que a estimulação infantil no inÃcio da vida pode estar associada a
futuros problemas de saúde relacionados a comportamentos e cuidados dos pais, incluindo
cárie. Nos artigos originais observou-se que crianças com menor estimulação tiveram odds
1,39 vezes maior de avançar uma categoria de comportamentos de risco à saúde bucal,
comparados aqueles sem comportamentos não saudáveis (OR 1,39 IC95% 1,05-1,84). A
prevalência de cárie dentária foi de 48,3% aos 5 anos e 41,2% das crianças neste
acompanhamento apresentavam dois ou mais dentes cariados. Em relação à estimulação
da criança e cárie dentária aos 5 anos, não houve associação após ajuste para fatores de
confusão, refutando a hipótese do artigo de revisão. Por fim, observou-se que a prevalência
de cárie dentária aos 12-13 anos foi de 39,6% e 26% apresentaram dentes cariados. A média
de QI nessa população aos seis anos foi de 80,6. Após o ajuste para possÃveis variáveis de
confusão, o QI permaneceu associado à experiência de cárie dentária e presença de
superfÃcies cariadas. As análises de mediação mostraram que o QI mediou a associação
entre a educação materna e a ocorrência de dentes cariados.
Palavras-chave: cárie dentária, estimulação, cognição, QI, criança