Facebook

Teses e Dissertações


2015


Aluno:Fabio Alberto Camargo Figuera

Título: Determinantes precoces da capacidade cognitiva nas crianças aos 6 anos: Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004

E-mail:

Área de concentração:Epidemiologia do Ciclo Vital

Orientador:Aluisio J. D. Barros

Banca examinadora:Simone de Menezes Karam (FURG), Helen Gonçalves e Iná Santos

Data defesa:02/07/2015

Palavras-chave:Crianças; capacidade cognitiva; Coorte 2004; epidemiologia; determinantes

A capacidade cognitiva é um determinante importante para o desempenho
futuro da criança e os dois primeiros anos de vida são um período crítico para o
desenvolvimento do cérebro. Período que pode ser afetado por múltiplos
fatores, biológicos, sociais e do ambiente, podendo levar às crianças ao
fracasso de atingir todo o seu potencial cognitivo. Por outro lado, são poucos
os estudos longitudinais e de base populacional em países de renda média e
baixa, como o Brasil, que estudam os determinantes precoces da capacidade
cognitiva na infância. Usando os dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas
de 2004, objetivou-se identificar quais são os determinantes precoces e da
infância associados ao QI (Quociente Intelectual) de crianças aos 6 anos de
idade. Numa primeira abordagem, o objetivo foi determinar as características
precoces (da etapa perinatal e do primeiro ano de vida da criança) que melhor
predizem um desempenho cognitivo baixo aos 6 anos. Baseados numa
estratégia de modelagem preditiva foram identificados como preditores
precoces o sexo da criança, cor da pele dos pais, número de irmãos, trabalho
paterno e materno, renda familiar, escolaridade materna, pessoas por quarto,
duração da amamentação, déficit de crescimento, tabagismo dos pais na
gravidez e a percepção materna da saúde da criança. O modelo apresentou
bom ajuste e uma boa discriminação, área sob a curva ROC=0.80 (IC95% 0.79
– 0.82). Posteriormente, investigaram-se os efeitos da estimulação cognitiva da
criança e a depressão materna sobre o QI aos seis anos de idade. Os
resultados demostraram que a estimulação teve um efeito positivo no QI, e a
depressão materna um efeito negativo no QI da criança. Um efeito cumulativo
foi descrito para a estimulação da criança e a depressão materna. O efeito da
estimulação se apresentou diferente de acordo com níveis de escolaridade
materna, onde se observou que existe um efeito no QI crescente da
estimulação sobre o aumento da escolaridade, partindo de não efeito para
mães de baixa escolaridade e chegando a mais 0.17 DP no QI por cada
aumento em um ponto de estimulação nas mães com 12 anos ou mais de
escolaridade. Adicionalmente foi comprovado que parte do efeito da
escolaridade materna foi mediado pela estimulação da criança. Finalmente,
realizou-se uma revisão da literatura abrangente para identificar e resumir o
conhecimento relacionado com os determinantes da capacidade cognitiva na
infância. Os achados mostram que são poucos os estudos realizados em
países de renda média e baixa e os principais fatores identificados foram
relacionados com as condições socioeconômicas, a condição de saúde prénatal
e perinatal, o crescimento na infância, a amamentação e a qualidade do
cuidado da criança e estimulação.


ABSTRACT

Cognitive ability is an important determinant for the child's future performance
and the first two years of life are a critical period for brain development. Period
may be affected by many factors, biological, social and the environment, taking
the children to failure to achieve all their cognitive potential. On the other hand,
there are few longitudinal studies and population-based middle and low income
countries, and also in the Brazilian context, studying the early determinants of
cognitive ability in childhood. Using data from 2004 Pelotas Birth Cohort aimed
to identify what are the determinants and early childhood associated with IQ
(intellectual quotient) of children at 6 years old. At first glance, the goal was to
determine the early life determinants (the perinatal stage and the first year of
the child's life) that best predict low cognitive performance at age 6. Based on a
predictive modeling strategy were identified as early predictors sex of the child,
parents' skin color, number of siblings, maternal and paternal work, family
income, maternal education, persons per room, breastfeeding duration, failure
to thrive, smoking of parents in pregnancy and maternal perception of the child's
health. The model showed good fit and a good discrimination, area under the
ROC curve = 0.80 (95% CI 0.79 - 0.82). Later, we investigated the effects of
child cognitive stimulation and maternal depression on IQ at six years of age.
The results showed that the stimulation had a positive effect on IQ and maternal
depression a negative effect on children's IQ. A cumulative effect described for
the stimulation of child and maternal depression. The effect of stimulation was
different according to levels of maternal education, where it was observed that
there is an effect in increasing IQ stimulation on increasing education, from no
effect to low-schooling mothers and reaching +0.17 SD IQ for each increment
on a stimulation point in mothers with 12 years or more of schooling.
Additionally it was proven that part of the maternal education effect was
mediated by stimulation of the child. Finally, a comprehensive review of the
literature was conducted to identify and summarize the knowledge related to the
determinants of cognitive ability in childhood. The findings show that there are
few studies in low- and middle-income countries and the major factors identified
were related to the socio-economic conditions, the condition of prenatal and
perinatal health, growth in children, breastfeeding and the quality of child care
and stimulation.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas