Teses e Dissertações

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Um atual problema de saúde pública em países de baixa e media renda é o incremento da prevalência da obesidade. As mulheres obesas em idade reprodutiva têm risco maior de apresentar resultados adversos durante a gravidez e o parto em comparação com as mulheres com peso normal. Com dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004, nesta tese analisou-se primeiramente a associação entre o índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional e ganho de peso gestacional (GPG) (tomados como exposições de interesse) e a composição corporal dos filhos aos 6 anos de idade; e, posteriormente, o efeito do IMC pré-gestacional e do GPG sobre a duração da amamentação exclusiva (até os 6 meses de idade) e de qualquer padrão de amamentação (até os 2 anos de idade). Distintos estudos investigaram a relação entre a obesidade materna e resultados adversos em seus filhos. Considerando o incremento da obesidade nas crianças no contexto atual e da utilização nos últimos anos de métodos indiretos para a determinação da composição corporal, foi realizada uma revisão sistemática e meta-análise com o objetivo de estabelecer a associação do IMC pré-gestacional e GPG maternos com a composição corporal dos filhos. Informação de dezoito estudos foi revisada, proporcionando evidência que sugere que o sobrepeso materno pré-gestacional é associado com elevada adiposidade nos filhos. No entanto, todos os estudos foram desenvolvidos somente em países de alta renda, o que justifica a procura de evidência em coortes de nascimentos de países de média ou baixa renda. No quinto acompanhamento da Coorte de Nascimentos 2004 em Pelotas (Brasil), a composição corporal das crianças foi determinada por pletismografía (BODPOD) aos seis anos de idade; informação do peso pré-gestacional, peso no final da gestação e altura materna foram coletadas no estudo perinatal. As análises de regressão linear multivariada em 3156 crianças determinou uma positiva associação do IMC materno pré-gestacional e GPG com a massa gorda (MG), a massa livre de gordura (MLG), índice de massa gorda (IMG), índice da massa livre de gordura (IMLG) e o porcentual de gordura corporal (%GC). Para cada kg/m2 de incremento de IMC materno pré-gestacional, a média de aumento nas crianças foi de 0.11 kg para MG, 0.07 kg/m2 em IMG e 0.18% em %GC. Para cada quilograma de GPG de incremento, existe em media 0.08 kg de incremento para MG, 0.05 kg/m2 em IMG, e 0.18% em %GC. Para explorar a relação entre a composição corporal materna e a amamentação, foram utilizadas informações sobre padrões de amamentação aos 3 meses de idade, e duração da amamentação exclusiva e total. O estúdio apresentou ausência das diferenças na duração da amamentação exclusiva e total conforme as categorias do IMC pré-gestacional e o GPG, também foi observado incremento na probabilidade preditiva para desmame em filhos de mães obesas aos três anos de idade comparados com aqueles filhos de mães com peso normal. Em resumo, esta tese identificou por um lado o efeito deletério da obesidade materna sobre a adiposidade nas crianças e a menor duração da amamentação.

ABSTRACT

A current health problem in low and middle-income countries is the increase of obesity prevalence. The obese women in reproductive age have more risk to present adverse outcomes during pregnancy and delivery in comparison with normal –weight women. Using data from the 2004 Pelotas Birth Cohort, this thesis firstly analysed the association of pre-gestational body mass index (BMI) and gestational weight gain (GWG) (taken as the exposures of interest) and the offspring body composition at the age of 6 years old; and subsequently analysed the effect of pre-gestational BMI and GWG over the duration of exclusive breastfeeding (BF) (from birth to the age of 6 months) and the duration of any BF (until 2 years of age). Reversely, the effect of BF pattern at 3 months of age over maternal post-partum weight retention (PPWR) at 3 and 12 months post-partum was analysed. Several studies investigated the relation between maternal obesity and adverse offspring outcomes. Considering the increase of childhood obesity in the current context and the introduction in the last years of body composition determination by indirect methods, a systematic review of the literature and a meta-analyses were conducted with the aim of assessing the association of maternal pre-pregnancy BMI and GWG with offspring body composition in childhood. Information from eighteen studies reviewed provided evidence suggesting that pre-pregnancy maternal overweight is associated with offspring higher adiposity. However, all the studies were developed exclusively in high-income countries and this gap justified procuring evidences in birth cohorts of middle or low-income countries. In the fifth follow-up of the 2004 Pelotas Birth Cohort in Brazil, child´s body composition was determined by air displacement plethysmography (ADP) at 6 years of age. Information on maternal pre-pregnancy weight, the last weight of pregnancy and maternal height was collected at the perinatal study. A multivariate linear regression analysis including 3156 children found a positive association of maternal pre-pregnancy BMI and GWG with offspring’s fat mass (FM), fat-free mass (FFM), fat mass index (FMI), fat-free mass index (FFMI) and body fat percent (BF%). For each kg/m2 of maternal pre-pregnancy BMI increase, there was a mean increment of 0.11 kg in offspring’s FM, 0.07 kg/m2 in FMI and 0.18% in BF%. For each kilogram of maternal GWG increase, there was a mean increment of 0.08 kg in offspring’s FM, 0.05 kg/m2 in FMI, and 0.18% in BF%. To explore the relation between maternal body composition and BF, information of BF pattern at 3 months of age and duration of exclusive and of any BF were obtained. The study showed no differences in duration of any BF or EBF according to pre-pregnancy BMI or GWG categories and an increased predicted probability for weaning among children at 3-months of age from obese women, compared with those from mothers with normal pre-pregnancy BMI was observed. As a conclusion, this thesis identified by one side a deleterious effect of maternal obesity over childhood adiposity and over the BF duration.