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Teses e Dissertações


2011


Aluno:Marinel Mór Dall‟Agnol

Título: Trabalho de crianças e adolescentes e problemas emocionais e/ou de comportamento

E-mail:marinelmd@terra.com.br

Área de concentração:

Orientador:Anaclaudia Gastal Fassa

Banca examinadora:Isabel Altenfelder Santos Bordin (Universidade Federal de São Paulo); Juraci Almeida Cesar (UFPel e FURG); Vilma Sousa Santana (UFBA)

Data defesa:01/07/2011

Palavras-chave:Trabalho infantil; Saúde mental; Epidemiologia

Motivação: apesar dos esforços no combate ao trabalho infantil, ainda existem 317 milhões de crianças e adolescentes economicamente ativos no mundo; no Brasil são 5,4 milhões e, em 2005, parece ter havido uma inversão da tendência de queda que já durava uma década. A maioria dos estudos sobre trabalho infantil é descritiva ou enfocam a associação entre trabalho infantil e acidentes. Existe pouca literatura sobre o impacto do trabalho infantil em morbidades ou em problemas de comportamento (PC). Um artigo originado do mesmo banco de dados desta tese encontrou que, entre crianças, o trabalho foi fator de risco para PC e, para adolescentes, foi protetor. Entretanto, este artigo não examinou separadamente os componentes introversão e extroversão. Além disso, alguns autores têm sugerido que o trabalho poderia gerar uma síndrome de pseudomaturidade, estimulando comportamentos do contexto dos adultos, inclusive a adição ao cigarro.
Objetivos: avaliar a associação de trabalho infantil com problemas emocionais e/ou de comportamento relacionados à introversão e à extroversão e com o tabagismo.
Métodos: em 1998, foi realizado um estudo transversal com 4.924 pessoas de 6 a 17 anos, em 22 setores de baixa renda da cidade de Pelotas. Destes, 10% eram trabalhadores. Investigou-se a presença de tabagismo e de problema de comportamento, sendo este aferido pelo Child Behavior Checklist (respondido pela mãe).
Relevância: a análise proposta é de extrema relevância, pois o assunto é original e poderá indicar prioridades no combate ao trabalho infantil.


Artigo 1: Child and adolescent labor and smoking: a crosssectional study in southern Brazil.

ABSTRACT
This cross-sectional study assessed the association between smoking and child and adolescent labor among 3,269 individuals 10 to 17 years of age in Pelotas, Rio Grande do Sul State, in southern Brazil (excluding higher income census tracts) in 1998. Adjusted hierarchical analysis was performed using Poisson regression. Prevalence of child labor was 13.8%. Current smoking prevalence was 6.3% in the sample as a whole (15.7% among working versus 3.4% among non-working children). In the multivariate analysis, smoking was significantly associated with child labor, with a prevalence ratio of 1.75 (95%CI: 1.30-2.36). Smoking was also associated with family characteristics (lower maternal schooling, mother currently without husband/partner, household members with alcohol or drug problems, single mother, and history of serious injuries), and the children‟s characteristics (age equal or greater than 16 years, inadequate school performance, and externalizing behavior). The findings point to smoking as one of the harmful consequences of child labor and suggest the workplace as an appropriate target for smoking prevention.
Key-words: Child Labor; Smoking; Child; Adolescent.

Artigo 2: Associação do trabalho de crianças e adolescentes com problemas emocionais e/ou de comportamento do tipo internalização e externalização
RESUMO
Este estudo transversal avaliou a associação entre o trabalho de crianças e adolescentes com problemas emocionais e/ou de comportamento do tipo internalização (introvertido) e externalização (agressivo/delinquente), aferidos com o Child Behavior Check List. Em 1998, entrevistou-se uma amostra de 1.608 jovens de 10 a 13 anos e 1.530 de 14 a 17 anos, da área urbana do município de Pelotas (porte médio no sul do Brasil), excluindo áreas de maior renda. As prevalências de trabalho nestas faixas etárias foram, respectivamente, 7,3% e 20,7% e as de problemas emocionais e/ou de comportamento foram 25% para internalização e 22% para externalização, sem diferenças significativas entre as faixas etárias. A análise multivariável por Poisson, estratificada por faixa etária, mostrou que houve associação de externalização com o trabalho, com sentido inverso nas faixas etárias: as prevalências foram maiores entre os trabalhadores mais novos e menores entre os trabalhadores mais velhos. Externalização associou-se diretamente com o trabalho em serviços domésticos e na construção civil, entre os mais novos, e inversamente com os serviços não domésticos, entre os mais velhos. Não houve associação com internalização em ambas as faixas. Para os adolescentes mais velhos, o trabalho foi protetor para externalização, em particular em atividades de serviços não domésticos, porém há possibilidade de causalidade reversa. O prejuízo ao comportamento nas idades de 10 a 13 anos sugere anecessidade de erradicação do trabalho infantil com atenção especial ao serviço doméstico e construção civil; por outro lado, o trabalho de adolescentes mais velhos em serviços não domésticos trouxe benefícios ao comportamento.
Palavras-chave: trabalho infantil, comportamento, internalização, externalização, CBCL, prevalência, fatores de risco.

Artigo 3: Trabalho e tabagismo de crianças e adolescentes: uma revisão sistemática da literatura
RESUMO
O trabalho e o tabagismo em crianças e adolescentes podem estar relacionados por ambos representarem um símbolo de ingresso na vida adulta. Esta revisão visou conhecer a produção científica sobre este tema, buscando artigos indexados nas bases eletrônicas MEDLINE e SciELO até junho de 2010. Foram encontradas 431 publicações, das quais 15 preencheram os critérios desta revisão, referindo-se a resultados de 12 estudos. A maioria era transversal, de base escolar, em idades do ensino médio e nos EUA. Apesar do restrito número de textos, os indicadores de tabagismo e trabalho foram bastante heterogêneos, dificultando comparações, sendo a jornada de trabalho semanal e o número de cigarros diários no último mês os mais comuns. A impossibilidade de garantir a temporalidade e de conhecer o poder estatístico das amostras foram as principais limitações metodológicas. A maioria dos autores (85%) mostrou associação entre o trabalho e o tabagismo, associando-se às maiores jornadas, mas, em dois estudos transversais, as pequenas jornadas foram protetoras e um dos três estudos longitudinais não identificou o trabalho como risco para o tabagismo. A literatura sobre este tema é muito restrita e são necessários estudos que esclareçam a temporalidade, avaliem possíveis modificadores de efeito como gênero, idade, raça/etnia e comportamento e estendam-se àqueles que não frequentam a escola, em países de menor poder aquisitivo.
Palavras-chave: trabalho infantil, tabagismo, fatores de risco.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas