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Sala de Imprensa

11/10/2021

Fracasso total na gestão dos sistemas de saúde de Brasil e México contra a pandemia


 

Governos populistas desconsideram recomendações científicas, com aumento do número de casos e mortes por COVID-19

AMLO e Bolsonaro fogem à responsabilidade do cargo e transferem ações de resposta à pandemia para governos estaduais e locais

A revista científica The Lancet Regional Health – Americas publicou um artigo científico no qual os autores* apresentam e aplicam o conceito de Punt Politics para avaliar as medidas de contenção da COVID-19 em dois epicentros da pandemia: Brasil e México. O novo conceito se refere à postura de líderes nacionais que abdicam de responsabilidades ou desviam a tomada de decisões sobre sistemas de saúde para entidades estaduais ou locais sem oferecer coordenação federal e base em evidências científicas.

Os presidentes de ambos os países são populistas e têm desrespeitado publicamente a ciência. Defensores de políticas descentralizadas, esses governantes contribuíram em grande medida para elevadas taxas de morbidade e mortalidade por COVID-19 em seus países - Brasil e México - com graves consequências para a saúde das populações e das economias nacionais. O populismo tende a manipular e trazer tais políticas à arena pública, seja de direita ou de esquerda.

Além de uma resposta tardia à COVID-19, estes são casos em que os governos nacionais deixaram nas mãos de governadores e líderes subnacionais a responsabilidade de implementar medidas não-farmacológicas que exigiriam uma gestão centralizada e baseada em evidências científicas.

A Punt Politics, aplicada no Brasil e no México, não se caracteriza apenas pela fragmentação das respostas frente à pandemia. A falta de testagem em larga escala da população e de rastreamento de contatos também enfraqueceu a capacidade de planejamento adequado dos países no combate à disseminação do vírus.

O artigo observa que ambos os presidentes agiram contra recomendações internacionais, confundindo as populações sobre como proteger a saúde, e argumenta que os exemplos negativos de Brasil e México podem servir para que outros países evitem erros semelhantes, especialmente neste momento em que está em curso a vacinação contra a COVID-19.

Governos estaduais e locais desempenham funções importantes na luta contra uma emergência sanitária, mas não podem substituir a liderança nacional. Uma abordagem proativa e preparada para o enfrentamento de pandemias deve ser coordenada, baseada em evidências e orientada pela ciência.

Artigo original disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanam/article/PIIS2667-193X(21)00082-X/fulltext

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* Autores:

Felicia Marie Knaul, Instituto de Estudo Avançados para as Américas, Departamento de Ciências de Saúde Pública, Escola de Medicina Miller, Universidade de Miami; Fundação Mexicana para a Saúde; Tómatelo a Pecho, A.C.

Michael Touchton, Departamento de Ciências Políticas, Instituto de Estudos Avançados para as Américas, Universidade de Miami.

Héctor Arreola Ornelas, Instituto de Estudos Avançados para as Américas, Universidade de Miami; Fundação Mexicana para a Saúde; Tómatelo a Pecho, A.C.

Rifat Atun, Departamento de Saúde e População Global, Escola de Saúde Pública, T H Chan Universidade de Harvard.

Renzo JC Calderón Anyosa, Instituto de Estudos Avançados para as Américas, Universidade de Miami; Escola de Saúde Pública, Universidade Peruana Cayetano Heredia; Departamento de Epidemiologia, Bioestatística e Saúde Ocupacional, Universidade McGill.

Julio Frenk, Universidade de Miami.

Adolfo Martínez-Valle, Instituto de Estudos Avançados para as Américas, Universidade de Miami; Centro de Investigação de Políticas, População e Saúde, Universidade Nacional Autônoma do México.

Tim McDonald, Instituto de Estudos Avançados para as Américas, Universidade de Miami; RAND Corporation.

Thalia Porteny, Departamento de Saúde Comunitária e Terapia Ocupacional, Universidade Tufts.

Mariano Sánchez Talanquer, Divisão de Ciências Políticas, Colégio de México.

Cesar Victora, Universidade Federal de Pelotas, Brasil.




Fonte: Assessoria de Imprensa





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