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Sala de Imprensa

30/08/2021

Defesa de tese

Título: Indicador de cobertura qualificado pelo conteúdo da atenção pré-natal: uma nova proposta para uso no monitoramento dos países rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Orientador: Aluísio Barros

Banca: Márcia C. Castro (Department of Global Health and Population, Harvard), Mariângela Silveira e  Inácio C. Silva

 

Estudo da UFPel propõe novo indicador de monitoramento da atenção ao pré-natal

Um estudo do Centro Internacional de Equidade em Saúde da Universidade Federal de Pelotas (ICEH, na sigla em inglês) apresenta um novo indicador de atenção ao pré-natal que leva em consideração o contato com o serviço e os cuidados recebidos pelas mães durante o período gestacional de acordo com as recomendações de organismos internacionais. Esse é um diferencial em relação aos indicadores tradicionais, que se baseiam apenas no número de consultas realizadas durante a gestação.

“Tradicionalmente o cuidado pré-natal tem sido medido como um indicador de cobertura através do número de consultas recebidas, no entanto, essa estratégia de mensuração apresenta algumas limitações já que receber o mínimo de consultas recomendado não garante que são oferecidas todas as intervenções necessárias para ter uma adequada atenção pré-natal”, explica a pesquisadora do ICEH Luisa Fernanda Arroyave, autora do estudo desenvolvido em tese de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel, sob orientação do professor Aluisio J. D. Barros. 

O acesso a uma atenção pré-natal adequada está relacionado com melhores condições de saúde tanto para mãe quanto para o recém-nascido, daí a relevância em saúde pública do monitoramento da atenção recebida pelas mulheres durante esse período, principalmente em países de renda baixa e média, que apresentam maior número de mortes maternas e em recém-nascidos. 

“Identificamos a necessidade de desenvolver um indicador que capturasse todo o espetro da atenção pré-natal. Outro aspecto relevante é desagregar a análises das informações segundo as características relacionadas a maior desigualdade, como riqueza, local de residência e educação, uma vez que o monitoramento dos indicadores de saúde só no nível nacional pode não representar completamente as mudanças na saúde de uma população”, diz Arroyave.

O indicador proposto, chamado de ANCq (do inglês Antenatal Care Coverage and Quality), é calculado como uma pontuação (que varia entre zero e dez pontos) para estimar o nível de adequação, e pode ser mensurado considerando todas as mulheres grávidas. Para testar a proposta, os autores aplicaram o indicador para mensurar o pré-natal em 63 países de renda baixa e média, avaliando simultaneamente as desigualdades dentro de um mesmo país e entre eles. Os resultados mostraram que o ANCq apresentou uma associação positiva com a sobrevida das crianças, sugerindo que o indicador está captando aspectos relevantes da atenção pré-natal. Os autores acreditam que o novo método pode ser uma alternativa de monitoramento da atenção pré-natal, sendo uma proposta que vai além dos indicadores tracionais que dependem principalmente do contato com o serviço.

“Os resultados sugerem que o ANCq é um indicador com boas propriedades de validade, que mostra que quanto maior a pontuação recebida pelas mães, menor a mortalidade nas crianças. Isso nos indica que ele serve como uma ferramenta útil para o monitoramento da cobertura e adequação da atenção pré-natal. Além disso, é um indicador fácil de calcular e que pode ser usado de maneira padronizada por muitos países, o que facilita a comparabilidade e o monitoramento ao longo do tempo”, explica a autora.

O estudo também identificou uma ampla desigualdade na atenção pré-natal. Em quase todos os países avaliados, foram observadas pontuações mais altas do ANCq entre mulheres que moram nas áreas urbanas, com ensino médio ou superior e pertencentes a famílias mais ricas. Em relação a esses achados, os autores ressaltam a importância de abordagens adequadas para monitorar as desigualdades na atenção pré-natal entre e dentro dos países.

“Vivemos em um mundo extremadamente desigual, onde, por exemplo, o acesso e a qualidade dos serviços não são fornecidos de maneira igual para todos os indivíduos, devido a diferentes barreiras, principalmente socioeconômicas. Um dos nossos objetivos na hora de criar o ANCq era precisamente poder ter um indicador que servisse para avaliar não só a cobertura e adequação do cuidado, mas também que pudesse ser usado para avaliar desigualdades entre e dentro dos países, com o intuito de fornecer evidências para práticas, programas e políticas destinadas a reduzir as desigualdades e garantir que ninguém seja deixado para trás”, conclui a autora.

 


Online - DATA:30/08/2021 - HORA:10:00hs

Apresentador: Luisa Fernanda Arroyave





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