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Sala de Imprensa

30/04/2021

Estudo mostra que mortes de idosos com 80 anos ou mais atingem menor proporção na pandemia após início da vacinação no Brasil


 

- Proporção de mortes de idosos com 80 anos ou mais cai pela metade no Brasil após início da vacinação;

- Percentual de óbitos em idosos, relativamente ao total de mortes por COVID-19, recuou de 28% para 13%;

- Redução corresponde à prevenção de mais de 13,8 mil mortes de brasileiros de 80 anos ou mais em um intervalo de oito semanas em todo o país durante período de ampla circulação da variante P.1.

Um estudo liderado pela Universidade Federal de Pelotas mostra que a proporção de mortes de pessoas de 80 anos ou mais caiu marcadamente desde o início da vacinação no Brasil. Durante o ano de 2020, as mortes de idosos se mantiveram no patamar de 25% a 30% de todos os óbitos por COVID-19. As mortes nessa faixa etária representavam 28% do total de óbitos em janeiro, quando iniciou a campanha de imunização para grupos prioritários no país, entre eles os mais idosos. No final de abril, esse percentual recuou para 13% - o menor já registrado para o grupo etário durante toda a pandemia.

“Estudos têm demonstrado a associação entre vacinação e declínio no número de hospitalizações e mortes em populações como a de Israel, por exemplo. No entanto, até agora, nenhum dos estudos populacionais sobre mortalidade havia sido realizado em um cenário de predominância da variante P.1, como é o caso do Brasil”, diz o epidemiologista e líder do estudo Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas.

Para as análises, os pesquisadores utilizaram dados sobre mortes por COVID-19 e cobertura vacinal contra o coronavírus registrados pelo Ministério da Saúde no intervalo de 3 de janeiro a 22 de abril. Nesse período, o país registrou 171.454 mortes por coronavírus.

O número de óbitos por COVID-19 em todas as idades aumentou a partir do final de fevereiro em decorrência da rápida disseminação da variante P.1 em todo o país. No início de março, a nova cepa, identificada pela primeira vez em dezembro no estado do Amazonas, já respondia por mais da metade dos casos de infecção em oito dos dez estados brasileiros com dados disponíveis sobre sequenciamento genômico do vírus. 

Durante todo o primeiro ano de pandemia, a proporção de mortes de idosos de oitenta anos ou mais se manteve estável em níveis de 25% a 30%. Em janeiro de 2021, esta faixa etária concentrava 28% das vítimas de Covid-19, mas a partir da metade de fevereiro esta proporção começou a diminuir, tendo alcançado 13,1% nas primeiras semanas de abril.

Os pesquisadores estimam que a redução observada corresponda à prevenção de aproximadamente 14 mil (13.824) mortes de pessoas de oitenta anos ou mais durante o intervalo de oito semanas entre meados de fevereiro e abril. De acordo com as estimativas, se o número de mortes entre os mais idosos tivesse continuado no mesmo ritmo observado para grupos etários mais jovens, seriam esperadas 47.992 mortes contra as 34.168 registradas no período.

Os atuais resultados de queda na mortalidade iniciando em fevereiro são compatíveis com um efeito protetor da primeira dose das vacinas, efeito este que é ainda mais alto a partir da segunda dose.

A vacina CoronaVac representa mais de três em cada quatro doses de imunizantes administrados no Brasil, sendo a vacina Oxford/AstraZeneca responsável pela quase totalidade do restante. Os dados existentes não permitem estudar o impacto de cada tipo de vacina separadamente.

Outra conclusão importante é que os atuais resultados sugerem proteção pelas vacinas mesmo em um cenário onde a variante P.1 predomina. Isso reforça os resultados de pesquisas realizadas em Manaus e São Paulo entre profissionais de saúde vacinados nos primeiros meses de 2021, que evidenciaram proteção também a partir da primeira dose em populações afetadas pela variante.

“Uma vez que medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscara, não estão sendo uniformemente aplicadas na maior parte do país, o rápido progresso da vacinação continua sendo a abordagem mais promissora para controlar a pandemia em um país onde quase 400 mil vidas já foram perdidas para a COVID-19”, conclui o pesquisador.

 

 

 

 

 




Fonte: Assessoria de Imprensa





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