Facebook

Teses e Dissertações


2017


Aluno:Paula Duarte de Oliveira

Título: Composição corporal e função pulmonar ao final da adolescência e início da vida adulta

E-mail:pauladuartedeoliveira@gmail.com

Área de concentração:

Orientador:Ana Menezes

Banca examinadora:Maria Cecilia Assunção, Samanta Madruga e Silvia Macedo.

Data defesa:23/01/2017

Palavras-chave:Coorte 1982 Coorte 1993

O sobrepeso/obesidade, fator de risco que vem crescendo em diversos países do mundo, tem sido relacionado como agravante de muitas doenças ou sintomas respiratórios. Muitos estudos têm demonstrado influências negativas da obesidade nas medidas de função pulmonar (FP). As medidas antropométricas, principalmente o índice de massa corporal (IMC), são as mais utilizadas nos estudos de base populacional. Porém, o IMC é incapaz de diferenciar a massa gorda (MG) da massa livre de gordura (MLG) e estas possuem papeis distintos na relação da composição corporal com a FP: o tecido adiposo em excesso impõe restrições, enquanto a maior proporção de MLG parece ser benéfica à mecânica ventilatória. Os estudos que avaliam a composição corporal com equipamentos de maior precisão, principalmente com delineamento longitudinal, ainda são poucos na literatura, deixando lacunas no conhecimento nesse tema. Portanto, a presente tese de doutorado teve como objetivo verificar a associação entre diversos aspectos da composição corporal com a FP, utilizando dados dos últimos acompanhamentos das Coortes de Nascimentos de 1993 e 1982. Três artigos compõem essa tese. O primeiro consta de uma análise transversal avaliando diversas medidas antropométricas e de composição corporal, através da absorciometria de raios-x de dupla energia (DXA) e da pletismografia por deslocamento de ar (BOD POD), em relação à FP aos 18 anos da Coorte de 1993 e 30 anos da Coorte de 1982. Contou com um total de 7.347 indivíduos que realizaram espirometria (3.438 e 3.909, aos 30 e 18 anos, respectivamente). A maioria das medidas de composição corporal mostrou uma associação positiva significativa entre FP e MLG, e uma associação negativa com a MG, com tendências consistentes entre os sexos e idades. A cada ponto percentual de MG, medida pelo BOD POD, o coeficiente de regressão da capacidade vital forçada (CVF) aos 18 anos foi de -33ml (IC 95% -38; -29ml) e -26ml (IC 95% -30; -22ml) e -30ml (IC 95% -35; -25ml) e -19ml (IC 95% -23; -14ml) aos 30 anos, em homens e mulheres, respectivamente (p<0,001 para todas as associações). O segundo artigo consistiu de uma análise transversal com dados de gordura abdominal visceral e subcutânea, medida através de ultrassom, aos 30 anos da Coorte de 1982. A gordura visceral foi inversamente associada aos parâmetros espirométricos, tanto nas análises brutas como ajustadas; já a gordura subcutânea não mostrou associação na maioria das análises ou algumas associações com tendência positiva. Para cada centímetro de gordura visceral, a média de redução no volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) foi de 46ml (IC 95% -66; -27ml) e 56ml (IC 95% -70; -42ml) e na CVF de 57ml (IC 95% -79; -35 mL) e 64 ml (IC 95% -80; -48 ml), no sexo masculino e feminino, respectivamente. O último artigo teve o objetivo de avaliar as mudanças na composição corporal entre os 18 e 22 – 23 anos de idade da Coorte de 1993 e sua associação com a FP dos 22 – 23 anos. Esta análise mostrou que manter-se com maior adiposidade corporal está associado à menor FP em relação àqueles que não pertenceram a categorias de alta adiposidade nos dois acompanhamentos (referência). O maior efeito do excesso de MG na FP parece ser transversal; a média dos parâmetros de FP é semelhante ou maior do que a categoria de referência naqueles que reduziram adiposidade e a FP é menor naqueles que migraram para categorias de maior adiposidade aos 22 – 23 anos.

Palavras-chave: composição corporal, função pulmonar, massa gorda, massa livre de gordura, espirometria, estudos de coorte. v

ABSTRACT

Thesis (Doctoral Thesis) – Postgraduate Program in Epidemiology. Federal University of Pelotas.The overweight/obesity, a risk factor growing in many countries, has been related as an aggravating of many diseases or respiratory symptoms. Many studies have shown negative influences of obesity on measures of pulmonary function (PF). Anthropometric measures, mainly the body mass index (BMI), are the most used in population-based studies. However, BMI is incapable to differentiate the fat mass (FM) from the fat free mass (FFM) and both have different roles in the association between body composition and PF: excess adipose tissue imposes restrictions, whereas greater proportion of FFM seems to be beneficial to ventilatory mechanics. The studies that evaluate the body composition using high precision equipments, mainly with longitudinal design, are few in the literature, leaving gaps in the knowledge about this subject. Therefore, the aim of this doctoral thesis was to verify the association between several aspects of the body composition and PF, using data from the last follow-ups of the 1993 and 1982 Birth Cohorts. Three articles composed this thesis. The first one consists of a cross-sectional analysis evaluating various anthropometric measures and body composition, using dual-energy x-ray absorptiometry (DXA) and air displacement plethysmography (BOD POD), in association to PF at the ages of 18 years in the 1993 Cohort and 30 years in the 1982 Cohort. The sample was composed for 7,347 individuals who underwent spirometry (3,438 and 3,909, at 30 and 18 years, respectively). Most of the body composition measurements showed significant positive associations between PF and FFM, and negative associations with FM, with consistent trends between sexes and ages. To each percentage point of FM, measured by BOD POD, the forced vital capacity (FVC) regression coefficient at 18 years, was −33mL (95% CI −38, −29mL) and −26mL (95% CI −30, −22mL), and −30mL (95% CI −35, −25mL) and −19mL (95% CI −23, −14mL) at 30 years, in men and women, respectively (p<0.001 for all associations). The second article consisted of a cross-sectional analysis with visceral and subcutaneous abdominal fat measured by ultrasound at the 30-years-old follow-up of the 1982 Birth Cohort. Visceral fat was inversely associated with spirometric parameters in crude and adjusted analyzes; whereas subcutaneous adipose tissue showed no association in most of the analyzes and few associations in a positive trend. To each centimeter of visceral fat, mean adjusted forced expiratory volume in the first second (FEV1) decreased 46mL (95% CI -66; -27mL) in men and 56mL (95% CI -70; -42mL) in women, and FVC decreased 57mL (95% CI -79; -35mL) and 64mL (95% CI -80; -48mL), in men and women, respectively. The last article had the objective of evaluate the changes in the body composition between the 18 and 22 - 23 years of age in the 1993 Cohort and its association with the PF in the 22 - 23 years follow-up. This analysis showed that the maintenance of higher body fat was associated with lower PF when compared to those who did not belong to higher adiposity categories in the two follow-ups (reference). The main effects of the excess of FM on PF seems to be cross-sectional; the PF mean parameters are similar or greater than the reference category parameters in those who reduced adiposity and PF is lower in those who migrated to higher adiposity categories at 22 - 23 years.

Keywords: body composition, pulmonary function, fat mass, fat-free mass, spirometry, cohort studies.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas