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Sala de Imprensa

25/11/2020

Defesa de dissertação: Canais de Prestação de Serviços e a Magnitude de Desigualdades na Cobertura de Intervenções SRMNC: Uma Análise de 36 Inquéritos Transversais em Países de Renda Baixa e Média

 Defesa de dissertação

 

Título: Canais de Prestação de Serviços e a Magnitude de Desigualdades na Cobertura de Intervenções SRMNC: Uma Análise de 36 Inquéritos Transversais em Países de Renda Baixa e Média

Banca: Aluísio Barros e Oscar Mujica (OPAS)

Orientador: Cesar Victora

Local: Online

Data: 27/11/2020

Hora: 10:00hs

Apresentador: Daniel Gray Paschoal Leventhal

 

Indicadores de saúde mais desiguais globalmente são os estruturais como acesso à água, saneamento básico e combustível limpo para cozinhar; intervenções disponíveis na comunidade, como campanhas de vacinação e hidratação oral, são menos desiguais

 

Na avaliação de desigualdades em saúde tanto o foco local quanto global ainda são necessários para a denúncia de forma científica da persistência das desigualdades quando para compreender quais são as demandas prioritárias e, principalmente, os grupos prioritários para as políticas públicas. Complementarmente às investigações de nível local realizadas pelos mestrandos (ingressantes em 2019) do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGE/UFPEL), um estudo de dissertação sobre desigualdades em saúde global foi desenvolvido por Daniel Leventhal.

Sob orientação do professor Dr Cesar G Victora e coorientação do professor Dr Inácio Crochemore-Silva, o estudo buscou comparar as desigualdades socioeconômicas na cobertura de 20 intervenções para a saúde reprodutiva, materna, neonatal e da criança em 36 países de renda baixa e média. As intervenções foram classificadas em quatro grupos que representam os diferentes canais através dos quais elas são prestadas às populações: intervenções ambientais baseadas em aspectos sanitários, intervenções de nível comunitário, intervenções prestadas em unidades sanitárias fixas e aquelas influenciadas pela cultura local além dos aspectos socioeconômicos.

Para realização do estudo, Leventhal contou com a estrutura e dinâmica de trabalho do Centro Internacional de Equidade em Saúde do PPGE/UFPEL, onde dados de países de renda baixa e média são reanalisados para potencializar comparabilidade entre eles e possibilitar análises de desigualdades em saúde. Nesse sentido, as duas principais fontes de dados foram o Inquéritos Demográficos e de Saúde (DHS, em inglês), conduzidos pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, e os Inquéritos de Indicadores Múltiplos (MICS, em inglês), conduzidos pelo Fundo da Organização das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF). Estes inquéritos apresentam informações nacionalmente representativas e avaliam características de domicílios, nutrição, mortalidade e intervenções para a saúde reprodutiva, materna, neonatal e da criança.

Os 20 indicadores de intervenções para a saúde que foram selecionados são os principais considerados por iniciativas globais que monitoram indicadores de saúde, como o Countdown to 2030 (Contagem Regressiva para 2030). A principal atenção do trabalho foi nas diferenças de acordo com a posição socioeconômica (PSE) dos pesquisados, a qual é definida por domicílios por meio de um índice de bens baseado em posses (ex. televisão, fogão etc.) e características (ex. presença de eletricidade e outras utilidades, saneamento etc.) do domicílio.

Entre os principais resultados, Leventhal destaca que todas as intervenções tenderam a apresentar padrões pró-ricos de desigualdade. Ou seja, as parcelas mais ricas das populações estudadas nesses 36 países apresentaram melhores indicadores consistentemente. A única exceção nessa direção da desigualdade foi com relação a dois indicadores sobre a amamentação. Entre as intervenções mais desiguais destacam-se as ambientais, particularmente acesso à água encanada, saneamento básico e o uso de combustível limpo para cozinhar. Essas condições precisam ser encaradas como condições básicas de vida tanto em uma perspectiva de justiça social como em um olhar estratégico para melhoria da saúde reprodutiva, materna, neonatal e da criança. Outro grupo de indicadores com grande desigualdade que merecem destaque, segundo o pesquisador, refere-se ao às intervenções prestadas em unidades sanitárias, como parto institucional e cuidados pré-natal, visto que também tenderam a mostrar padrões pró-ricos bastante acentuados. Por fim, intervenções que são implementadas em nível comunitário (como imunizações e hidratação oral para diarreia) foram distribuídas de maneira mais equitativa, evidenciando um possível sucesso de ações que contemplem a população em larga escala.

Ao concluir, Daniel Leventhal destaca, “é preciso realmente deixar ninguém para trás, como enfatizam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, nunca colocando mulheres e crianças em países de renda baixa e média no segundo plano no cenário atual causado pela pandemia de COVID-19”. Como ele afirma, “muito provavelmente as repercussões negativas da pandemia na saúde dessas populações são vastas, indo desde a limitação ou suspensão de consultas pré-natais e imunizações rotineiras para crianças até impactos negativos na saúde mental de famílias e a educação para crianças. Além disso, os programas DHS e MICS têm tido interrupções em vários países, comprometendo a disponibilidade de dados confiáveis que permitam o monitoramento da situação de saúde dessas populações”. Já que intervenções comunitárias têm consistentemente demonstrado menos desigualdade na última década, ele aponta, é fundamental aprender de suas estratégias de sucesso e adaptá-las para intervenções do ambiente domiciliar, em unidades sanitárias fixas e aquelas influenciadas pela cultura, dentro do contexto novo e dinâmico da pandemia.

 




Fonte: PPGEpi





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