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Sala de Imprensa

27/09/2020

Defesa de tese: Níveis e determinantes do excesso de mortes de meninas menores de cinco anos em países de baixa e média renda

Título: Níveis e determinantes do excesso de mortes de meninas menores de cinco anos em países de baixa e média renda

Banca: Fernando Wehrmeister, Helen Gonçalves e Stela Meneguel 

Orientador: Cesar Victora

Local: Online

Data:28/09/2020

Hora:09:00hs

Apresentador: Janaína Calu

 

Desigualdades de gênero no cuidado das crianças pode ser responsável por mortalidade de meninas acima de níveis esperados em países de baixa e média renda 

Um estudo desenvolvido no Centro Internacional para a Equidade em Saúde da Universidade Federal de Pelotas avaliou elementos que podem estar relacionados a maior mortalidade de meninas em países de renda baixa e média. Os resultados são parte da pesquisa de doutorado desenvolvida pela estudante Janaína Calu Costa sob orientação do Professor Cesar Victora. “Nós avaliamos características de 80 países que poderiam estar associadas com diferenças na mortalidade de meninos e meninas. Observamos que os meninos que ficaram doentes receberam mais cuidados adequados do que as meninas, o que levou a uma distorção na mortalidade destas crianças em relação ao que seria esperado se ambos recebessem atenção de profissionais qualificados”, comenta Janaína.  

De acordo com o que já está estabelecido pela ciência, os meninos são biologicamente mais frágeis que as meninas e apresentam maior mortalidade, mesmo em situações em que não haja discriminação. Quando a mortalidade dos dois sexos é semelhante ou há maior mortalidade entre as meninas, é possível que elas estejam recebendo menos cuidado, geralmente motivado pelas condições em que vivem, seja o valor social que as meninas e mulheres têm na sociedade, sejam as condições financeiras da família. “Nossa hipótese é que muitas vezes as famílias precisam escolher qual criança será alimentada, qual vai receber cuidados médicos e muitas favorecem os meninos, pois são os membros da família que podem ajudar no trabalho, enquanto as meninas podem gerar mais despesas, especialmente quando os pais precisam pagar dote, por exemplo”. 

Os pesquisadores também avaliaram como essas diferenças têm sido estudas por autores do mundo todo e perceberam que métodos muitos diferentes foram utilizados ao longo do tempo, o que pode levar a resultados inconclusivos ou até mesmo subestimados. “Geralmente os estudos usam dados históricos de países que hoje são considerados ‘desenvolvidos’ para comparar com a situação atual dos países de baixa e média renda”. Segundo a autora, a principal limitação destes estudos é que as características da população e as causas de morte nos países mais pobres não são as mesmas, então aquelas estimativas podem não ser as mais adequadas. Os resultados destes estudo são importantes para guiar pesquisas futuras, já que puderam ser analisadas as vantagens e limitações de mais de 150 pesquisas realizadas com populações de todo o mundo.   

Os autores acreditam que os resultados dos estudos podem ajudar a impulsionar esforços para alcançar a igualdade de gênero, já que o papel que as mulheres têm em cada sociedade impacta diretamente na saúde e na sobrevivência de crianças, mas ainda com mais força na sobrevivência das meninas. “Conseguimos explorar algumas características das populações que estão relacionadas com menor sobrevivência das meninas, agora precisamos explorar mais profundamente o mecanismo dessa relação para ajudar a salvar vidas daquelas que estão morrendo apenas pelo fato de serem meninas”, conclui a autora. 

 

 

 

 




Fonte: PPGEpi





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