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Sala de Imprensa

08/03/2018

Tese sugere que aleitamento materno pode regular funcionamento de genes

Fernando Hartwig, autor da tese

 Os benefícios do aleitamento materno para a saúde da criança e da mãe são bem claros. Estudos recentes também têm sugerido uma relação entre o aleitamento e condições de saúde (como obesidade) e de capital humano (como inteligência e escolaridade) na fase adulta. Ou seja, além dos seus conhecidos benefícios para a saúde infantil, o aleitamento também parece ter efeitos mais duradouros. As diretrizes internacionais recomendam que crianças devem consumir somente o leite materno até os seis meses de idade. 

Apesar disso, não se sabe exatamente como o aleitamento pode trazer benefícios para o indivíduo adulto. Uma possibilidade é que o aleitamento possa alterar um fator biológico bem específico, chamado de marcações epigenéticas. Estas marcações ocorrem no material genético – os genes – que todos os seres humanos têm. Dependendo de estarem ou não “marcados”, genes podem ser ligados ou desligados. Se o aleitamento influencia em quais genes e com que frequência estas marcações ocorrem, também influenciaria o funcionamento desses genes.

“O interessante é que muitas marcações epigenéticas que ocorrem após o nascimento persistem ao longo da vida. Inclusive, fatores precoces, como tabagismo materno, já foram relacionados com marcações epigenéticas duradoras. Portanto, é possível que marcações epigenéticas estejam relacionadas com os efeitos duradouros do aleitamento”, explica o biotecnologista Fernando Pires Hartwig, autor da pesquisa publicada em tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia do UFPel, sob orientação do professor Cesar Gomes Victora.  

O estudo utilizou dados sobre amamentação e marcações epigenéticas do estudo britânico Avon Longitudinal Study of Parents and Children (ASLPAC), similar aos estudos de nascimentos de Pelotas. Observou-se que crianças que foram amamentadas apresentaram algumas marcações epigenéticas aos 7 anos de idade que não foram observadas em crianças que não foram amamentadas. Além disso, algumas dessas diferenças epigenéticas também foram observadas aos 15 anos de idade, sugerindo que são persistentes pelo menos até a adolescência.   De acordo com os autores da pesquisa, este foi o primeiro estudo a avaliar de forma abrangente a relação entre aleitamento e epigenética.

“Estudos anteriores eram escassos e de baixa qualidade. Nosso estudo foi o primeiro a investigar a relação entre aleitamento e mais de 450 mil marcas epigenéticas”, comenta o autor.   O pesquisador também aponta algumas limitações do estudo: “Nossos resultados apenas indicam que é possível que o aleitamento influencie marcas epigenéticas. Mais estudos são necessários para avaliar se nossos resultados são reproduzidos em outros grupos de crianças, bem como para investigar se as marcas epigenéticas relacionadas com aleitamento têm alguma relevância em características de saúde ou de capital humano, como a inteligência. Além disso, é possível que os efeitos duradouros da amamentação sejam explicados por fatores além da epigenética.”  

 




Fonte: Assessoria de Imprensa





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Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - Centro de Pesquisas Epidemiológicas